Alunas de Etecs e Fatecs dão exemplos de empreendedorismo

Unidades do Centro Paula Souza incentivam empreendedorismo entre meninas em áreas como comércio, serviços, agropecuária e alimentação; conheça alguns exemplos de sucesso conquistados por técnicas e tecnólogas

10 de março de 2020 10:13 am Etec, Fatec, Institucional

A partir da esquerda, empreendedoras formadas nas Etecs e Fatecs Grazielly, Patrícia, Daniela e Tatiane l Foto: Montagem/divulgação

Além de formar profissionais para atender às demandas dos mais diversos setores produtivos, com a proposta de contribuir para que mais jovens alcancem e se estabeleçam no mercado de trabalho como empregados, Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais incentivam o empreendedorismo entre seus estudantes.

Nesta semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, lembramos três histórias de alunas que obtiveram sucesso desenvolvendo projetos de empresas e produtos criativos e economicamente viáveis.

Repaginando

Parceria entre a técnica de Administração formada pela Etec de Poá, Grazielly Silva, e a tecnóloga em Gestão de Negócios e Inovação, pela Fatec Sebrae, da Capital, Patricia Barbosa, a Repagina.me foi uma das cinco startups selecionadas pela aceleradora Impact Hub, que estimula projetos de empreendedorismo e impacto social.

Com o objetivo de oferecer serviços para melhorar empreendimentos, como reformas rápidas e consultoria para gestão do negócio e das vendas, a startup foi estruturada a partir da experiência e conhecimento adquiridos nos cursos técnico e tecnológico oferecidos pelas unidades do Centro Paula Souza (CPS). Disciplinas como modelo de negócios em Canvas, estatística, metodologia de pesquisa, elaboração de planilha de custos e marketing foram a base teórica para criação e desenvolvimento da empresa.

Como prêmio as jovens receberam aporte de R$ 10 mil e uma mentoria por um período de quatro meses, durante os quais as sócias fazem pesquisa qualitativa e quantitativa para identificar demanda de negócios e oportunidades de parcerias. Com uma plataforma digital e perfis nas redes sociais, a startup fechou o primeiro contrato, com a Associação Bloco do Beco, organização que promove atividades culturais, esportivas e de lazer para a comunidade do Jardim Ibirapuera, na zona sul da Capital.

Além do serviço de reforma, a Repagina.me oferece o diagnóstico do negócio e da performance de vendas. Segundo Grazielly, o cliente geralmente chega pedindo uma mudança de layout e, como complemento, leva a consultoria. “Como gestão de negócios também é nossa expertise, procuramos entregar este serviço adicional e agregar valor ao nosso negócio”, afirma. Ainda segundo a empreendedora, a empresa pretende manter o foco em clientes mulheres. “Na periferia, a maioria delas é chefe de família e provedora. Por isso, é comum elas seguirem o caminho do empreendedorismo que concilia o trabalho e os cuidados com os filhos.”

Em família

Natural de Minas Gerais, quando se mudou para São José do Rio Preto, no interior do Estado de São Paulo, há alguns anos Daniela do Carmo ouviu dizer que a melhor escola da cidade era a Etec Philadelpho Gouvêa Netto. “Decidi estudar para o Vestibulinho mais pela qualidade do ensino do que por gostar de Eletrônica”, relembra a estudante.

Mas ao ingressar no curso técnico integrado ao Ensino Médio, viu a oportunidade de levar em frente um projeto de seu pai. Com o desejo de migrar do setor de construção civil para o empreendedorismo, Ronivon do Carmo começou a montar em casa um equipamento que possibilita a produção de peixes e vegetais. “Foi ele quem pesquisou primeiro e viu as possibilidades de empreender. No final, os conhecimentos do curso foram importantes para aperfeiçoar o projeto do meu pai.”

Com a colaboração da colega Ana Inocêncio e orientação do professor do curso, Sérgio Cosequi, ela desenvolveu o Sistema Aquaponia, que combina a aquicultura convencional (criação de ostras, lagostas e camarões, entre outros organismos aquáticos) com a hidroponia (cultivo de plantas em água).

A tecnologia consiste em um tanque para peixes acoplado a canaletas nas quais são cultivadas hortaliças e frutas como morango. O fluxo contínuo entre as duas partes da estrutura garante oxigenação para os peixes e alimento para as plantas, uma vez que os dejetos deixados na água contêm nutrientes importantes para o crescimento das mudas.

O Sistema Aquaponia ainda torna o cultivo mais sustentável, já que mais de 90% da água utilizada é reaproveitada. “Nossa proposta serve tanto para agricultores que visam sustentabilidade maior nos processos produtivos quanto para pessoas em ambientes urbanos, com espaço físico limitado”, explica Daniela. “Buscamos um projeto versátil, que pudesse ser adaptado de acordo com a necessidade dos nossos clientes.”

No final de 2019, ela e o pai conseguiram vender toda a produção de peixes (cerca de 300 unidades) – os vegetais foram consumidos pela própria família. Neste ano, estão retomando o cultivo com cerca de 500 alevinos. “Nosso sonho sempre foi ter um negócio próprio da família”, comemora Daniela, que acaba de passar no Vestibular para Administração, com o objetivo de se qualificar ainda mais.

O Sistema de Aquaponia terá continuidade na Etec para fins pedagógicos.

Sabor de empreendedorismo

Outro negócio que começou em família foi o Meu Lanchinho, empresa de entrega de merendas saudáveis e atraentes para crianças em idade escolar. A ideia foi de Ana Júlia, filha da estudante do curso superior tecnológico de Gestão de Negócios e Inovação da Fatec Sebrae, Tatiane Ramos. No início de 2016, ao perceber que os lanches preparados pela mãe chamavam a atenção dos coleguinhas de recreio, ela sugeriu que Tatiane começasse a produzir para vender.

Desempregada na época, Tatiane entrou em contato com pais de crianças que estudavam com a filha para sondar o interesse em seu produto e começou a conquistar alguns clientes. Em parceria com uma nutricionista, ela diversificou o cardápio e passou a produzir sanduíches naturais, bolos e sucos coloridos na cozinha de casa. Com a prospecção de novos clientes e colégios parceiros, o resultado apareceu rápido: em menos de seis meses Tatiane já atendia 120 famílias com filhos matriculados em escolas da região.    

A partir de conceitos aprendidos no curso da Fatec, ela elaborou um plano de negócios que serviu como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O projeto venceu o Prêmio Academia Assaí Bons Negócios, promovido pela rede atacadista, recebendo como prêmio o vídeo institucional do empreendimento, apoio em comunicação e R$ 10 mil para investir em equipamentos e insumos. O Meu Lanchinho conta com cerca de 800 famílias na fila de espera para receber as refeições, depois da reestruturação da empresa.

“O prêmio nos possibilitou sair da informalidade e incrementar nosso produto e serviço, de acordo com as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e usar os recursos que tínhamos guardado para desenvolver a marca e capacitar mão de obra” afirma Tatiane.

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