Alunas de Etec desenvolvem sistema de aquaponia

Equipamento possibilita produção de peixes e vegetais em propriedades de diversos portes minimizando o desperdício de água; projeto foi premiado em competição de empreendedorismo

2 de dezembro de 2019 1:55 pm Etec, Institucional

Sérgio Cosegui e Daniela do Carmo com o Sistema Aquaponia, na Etec Etec Philadelpho Gouvêa Netto l Foto: Divulgação

Duas estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Philadelpho Gouvêa Netto, localizada em São José do Rio Preto, desenvolveram um equipamento que possibilita a produção de peixes e vegetais em propriedades de diversos portes. O Sistema Aquaponia combina a aquicultura convencional (criação de ostras, lagostas e camarões, entre outros organismos aquáticos) com a hidroponia (cultivo de plantas em água).

A tecnologia consiste em um tanque para peixes acoplado a canaletas nas quais são cultivadas hortaliças e frutas como morango. O fluxo contínuo entre as duas partes da estrutura garante oxigenação para os peixes e alimento para as plantas, uma vez que os dejetos deixados na água contêm nutrientes importantes para o crescimento das mudas.

O Sistema Aquaponia ainda torna o cultivo mais sustentável, já que mais de 90% da água utilizada é reaproveitada. Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) indicam que mais de 70% da água tratada produzida no Brasil vai para o agronegócio.

“Nossa proposta serve tanto para agricultores que visam sustentabilidade maior nos processos produtivos quanto para pessoas em ambientes urbanos, com espaço físico limitado”, explica uma das criadoras do trabalho, a estudante Daniela do Carmo. “Buscamos um projeto versátil, que pudesse ser adaptado de acordo com a necessidade dos nossos clientes.”

Atitude Empreendedora

Daniela dá essa mesma explicação no vídeo de apresentação do projeto na sexta edição da Mostra Atitude Empreendedora, realizada pelo Instituto Alair Martins, de Uberlândia (MG). Com a colaboração da colega Ana Inocêncio e orientação do professor do curso técnico de Eletrônica integrado ao Ensino Médio Sérgio Cosequi, o Sistema Aquaponia conquistou o primeiro lugar na competição.

Como prêmio, as alunas receberão R$ 5 mil e o orientador, R$ 2 mil em compras em loja virtual de eletroeletrônicos. A Etec vai ganhar um aparelho de datashow e uma impressora.

Em família

O Sistema Aquaponia foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) das estudantes, que devem se formar no final deste semestre. Mas a ideia surgiu com o pai de Daniela. Trabalhador do setor de construção civil, Ronivon do Carmo começou a montar em casa um equipamento semelhante para tentar mudar de ramo. “Foi ele quem pesquisou primeiro e viu as possibilidades de empreender. Ano que vem quero fazer um curso superior na área de administração e negócios para montar uma empresa com meu pai”, projeta Daniela.

A família da estudante já saboreou a própria produção de morangos, alfaces e outras hortaliças, além de alguns peixes, como panga e tilápia. Na Etec, a primeira colheita está prevista para esta semana.

Valor pedagógico

Natural de Minas Gerais, quando chegou em São José do Rio Preto há alguns anos, Daniela ouviu dizer que a melhor escola da cidade era a Etec Philadelpho Gouvêa Netto. “Decidi estudar para o Vestibulinho mais pela qualidade da escola do que por gostar de Eletrônica. No final, os conhecimentos do curso foram importantes para aperfeiçoar o projeto do meu pai.”

“Estamos em contato com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Parque Tecnológico de São José do Rio Preto para incubar e encaminhar o projeto ao mercado com as melhores possibilidades possíveis”, afirma o orientador Sérgio Cosequi.

“O projeto terá continuidade na Etec com um valor pedagógico inestimável, uma vez que é transdisciplinar e pode envolver disciplinas como química, por exemplo”, diz Cosequi. “Os estudantes podem fazer o acompanhamento das transformações pelas quais passam os dejetos até se tornarem fertilizante, ou a medição do potencial de hidrogênio (pH) da água.”

Compartilhe


Veja também