Ao pesquisar tecnologia nos processos artísticos ou algoritmos evolutivos na manobra de satélites, alunas vislumbram novos horizontes profissionais e acadêmicos
Mariana, Andrea, Patrícia e Catarine: caminhos abertos para o mercado de trabalho e pós-graduação | Foto: Divulgação
Aprender a produzir uma investigação científica, exercitar o pensamento crítico e desenvolver a criatividade na resolução de problemas são algumas aptidões conquistadas por quem se dedica a um trabalho de iniciação científica. Na Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Diadema – Luigi Papaiz, duas estudantes do segundo semestre do curso de Desenvolvimento de Software Multiplataforma estão se empenhando nessa modalidade de pesquisa acadêmica.
Mariana Gonçalves de Siqueira definiu o tema de seu estudo com a orientadora Andrea Zotovici: Levantamento e Análise de Algoritmos Evolutivos Aplicados à Manobra de Satélites para Evitar Colisões com Detritos Espaciais. “Envolve três disciplinas que eu gosto: física, biologia e programação”, diz a estudante. Ela explica que “algoritmos evolutivos” são um tipo de processo computacional que segue a lógica da evolução – “você observa uma população de indivíduos e, a partir de vários cruzamentos, chega à melhor solução, como na teoria de Darwin”, explica.
No início nada parecia tão simples à aluna. “O tema é muito específico, foi preciso entender vários termos técnicos, muitos conceitos novos”, lembra. Agora, chegando ao fim do ano, Mariana consegue ver uma série de vantagens. “Eu melhorei em tudo. Aprendi a pesquisar, a me virar, aperfeiçoei minha comunicação e me tornei uma pessoa proativa”, considera. “Sei que são características importantes na hora de conseguir um emprego”.
Andrea acredita que a iniciação científica traz benefícios também para os estudantes que pretendem ingressar em um mestrado ou doutorado. “Mariana está aprendendo os passos de uma pesquisa acadêmica”, resume.
Arte e ciência
Catarine Lopes da Silva Sales foi atraída para o universo das artes aos 14 anos, mas entende bem o alcance da tecnologia. “Entrei na Fatec Diadema porque a tecnologia está ao nosso redor. É onipresente”, revela. Patrícia Gallo, professora que orienta a estudante com o tema Arte e Tecnologia: suas contribuições e desafios no processo criativo dos artistas, lembra que um curso tecnológico também traz o pensar para a área das ciências. “Catarine vai pesquisar o uso da tecnologia ao longo do processo artístico – onde entra, em que ajuda e como influencia na obra final”, enumera.
Para a estudante, a ideia de aliar arte e tecnologia “foi uma lâmpada que acendeu”. Ao entrevistar artistas visuais, ela se surpreendeu com o fato de que nem todos trazem uso da ferramenta no trabalho que desenvolve. “Alguns sequer usam inteligência artificial”, conta.
Entrevistas feitas, Catarine entrou na fase de análise de dados. O que já ficou claro é que, em relação à idade dos artistas adeptos da tecnologia, não é possível estabelecer um padrão. De qualquer forma “os mais velhos às vezes são mais avessos”, avisa Patrícia, “mas é a falta de conhecimento que gera a resistência.
Uma pós-graduação entrou no radar das duas alunas depois de ingressarem na iniciação científica. Para Catarine, será em engenharia de software ou análise de sistemas. Mariana pensa em inteligência artificial ou análise de dados. “Antes da IC eu cogitava uma pós, mas sem saber em quê”, lembra Mariana. “Agora, já tenho um direcionamento”.