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Um céu de brigadeiro para estudantes da Fatec São José dos Campos

Unidade forma profissionais altamente qualificados para mercado da indústria aeronáutica, em franca expansão no território nacional com aumento da demanda por aeronaves

4 de setembro de 2025 9:27 am Fatec, Institucional, Qualidade de Ensino

Em fevereiro, a empresa norte-americana Flexjet realizou o maior pedido de jatos executivos da história da fabricante brasileira Embraer. Investiu US$ 7 bilhões na compra de cerca de 200 modelos Praetor 600, Praetor 500 e Phenom 300E. No mesmo mês, a ANA Holdings, uma das principais companhias aéreas do Japão, fechou contrato com a Embraer no valor de US$ 1,6 bilhão para a compra de 20 jatos E190-E2. Esses são apenas dois exemplos que mostram o céu de brigadeiro que se apresenta à indústria aeroviária nacional.

Para contabilizar com realismo as demandas do setor, é preciso lembrar as trágicas notícias do início do ano – entre janeiro e fevereiro, foram registrados no país 30 acidentes aéreos, com doze mortes. Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, ligado à Força Aérea Brasileira, os principais motivos dos acidentes foram falha ou mau funcionamento de sistema, ou de motor.

Esse cenário faz pensar, de diferentes ângulos, sobre a importância de uma boa formação dos profissionais que atuam na cadeia produtiva da aviação. É nesse universo que se insere o curso superior de tecnologia em Manutenção de Aeronaves, ministrado pela Fatec São José dos Campos – Prof. Jessen Vidal. Localizada em uma região vocacionada para a indústria aeronáutica – não apenas porque é a sede da Embraer, mas porque abriga também fabricantes de peças, desenvolvedores de soluções e empresas de vigilância aérea –, a Fatec já formou 32 turmas nesse curso. “Em 2025, estamos com 227 alunos, dos quais 18% são mulheres, em um setor que até pouco tempo era predominantemente masculino”, diz o coordenador Roque Antônio de Moura.

O projeto pedagógico e a infraestrutura de ensino oferecem aos estudantes a possibilidade de entrar em contato com o setor desde o primeiro semestre. “Por meio da Aprendizagem com Projetos Integrados, os jovens são desafiados a resolver problemas reais, propondo soluções técnica e economicamente viáveis”, conta Roque. O campus dispõe de um enorme angar, onde funcionam laboratórios de motores, de hidráulica, de eletroeletrônica. Tem ainda um laboratório de asas rotativas e drones, além de um laboratório de equipamentos eletrônicos montado dentro da fuselagem de um jato Embraer 170, doado para a Fatec.

O professor Luiz Alberto Nolasco conta que receberam também em doação uma aeronave Guri que fez um único voo e teve o trem de pouso quebrado. “Os alunos utilizam todos esses equipamentos. Porém, o principal foco não é a formação mecânica, mas a educação para a gestão dos processos de manutenção”. Nolasco explica que o currículo tem um viés altamente tecnológico, uma vez que a aviação sempre foi pioneira em inovação. “As tecnologias em desenvolvimento passam pelo setor aeronáutico primeiro e só depois vão para a indústria em geral”. Ele cita como exemplo o projeto eVTOL, da Eve Air Mobility, empresa de mobilidade aérea urbana da Embraer. A aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical, chamada de “carro voador”, foi apresentada no ano passado em uma feira na Inglaterra e já é objeto de estudo das turmas deste ano.

As parcerias com o setor produtivo são um ponto forte do curso: os alunos desenvolvem projetos em conjunto com especialistas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de empresas de engenharia aeroespacial como Akaer e Aernnova, entre outras, além da própria Embraer. “Essas oportunidades de conhecimento e relacionamento mudaram minha vida”, conta Carlos Eduardo Silva. Aficionado por tecnologia, ele já trabalhava como técnico em eletromecânica quando iniciou o curso na Fatec SJC. Formado em julho deste ano, ele é o único técnico especialista aeronáutico do Grupo Tramontina Garibaldi.

“Sou responsável por desenvolver projetos de organizadores modulares e ferramentas manuais para o segmento aeronáutico e aeroespacial, principalmente nas unidades da Embraer e estou trabalhando no projeto eVTOL, na especificação de ferramentas para a manufatura dessas aeronaves”, conta Silva. O curso da Fatec, que ele conheceu por anúncio na TV, foi o responsável por abrir as portas dessa carreira que ele segue com sucesso: “Era tudo que eu esperava e um pouco mais”. Seu TCC foi sobre uma tecnologia de geolocalização que indica onde estão determinadas ferramentas em um hangar. O trabalho já foi defendido, aprovado e o protótipo já está em teste.

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