Com uma garra capaz de fazer a coleta seletiva, o “Carcará”, apresentado pela Etec Prof. Horácio Augusto da Silveira, vai a lugares perigosos e insalubres
A aluna Jackelyne Alicia Miranda Ramos entre os professores Ailton Fernandes Costa e Alexandre Messias | Foto: Divulgação
Nem todo o lixo jogado nas águas do planeta pode ser detectado facilmente. Mas boa parte dos resíduos sólidos que cobrem a superfície de mares, rios e lagos talvez possa ser retirado com iniciativas como o projeto desenvolvido pela estudante Jackelyne Alicia Miranda Ramos. Premiado na 20ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) com o segundo lugar em Mentalidade Marítima (prêmio concedido pelo Ministério da Marinha), o protótipo foi desenvolvido enquanto Jackelyne cursava a Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Horácio Augusto da Silveira, na Vila Guilherme, na Capital, e batizado de Carcará.
O equipamento apresenta a vantagem de chegar a lugares insalubres ou de difícil acesso. A ideia é aparentemente simples: um braço robótico coleta e já identifica, por meio de sensores ópticos, o que é metal, papel, vidro ou, o pior vilão, responsável por 85% dos detritos, o plástico.
O braço robótico impunha uma questão: “A garra, semelhante a um mastro, poderia trazer algum desequilíbrio ao conjunto”, conta Jackelyne. Capaz de se mover em 180 graus, executando quase os mesmos movimentos de um braço humano, a garra robótica foi instalada sobre uma base inspirada no desenho do catamarã, um tipo de veleiro apoiado em dois cascos, característica que garante estabilidade à embarcação. Todo produzido com fibra de vidro, para resistir à exposição prolongada aos raios ultravioleta, o Carcará já carrega em sua base os recipientes para a coleta do material, com duas fontes de alimentação: bateria e painel solar fotovoltaico.
“Autônomo, ele é controlado a distância, a partir de mapeamentos prévios da região afetada”, explica Ailton Fernandes Costa, co-orientador do projeto. Caso o dispositivo sofra uma avaria, o aplicativo avisa à base de controle, que o reboca com um cabo de ancoragem de cinco quilômetros. Assim, o sistema previne que baterias e os componentes eletrônicos contaminem o meio ambiente.
Mas ainda há um caminho a ser percorrido pelo Carcará no que se refere à Engenharia Naval. “Esse é só o começo”, afirma o orientador Alexandre Messias da Silva. “A boa notícia é que é viável – e que foi aceito; o Ministério da Marinha o reconheceu.”