Presença feminina é relevante em cursos de tradição masculina

Conhecimento é uma das formas mais eficientes para quebrar barreiras, estigmas e preconceitos, tais como o de gênero. Entre os estudantes das Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais é possível perceber a […]

9 de março de 2017 3:01 pm Institucional

Crédito: Gastão Guedes | Alunas do curso de Construção de Edifícios da Fatec Tatuapé

Conhecimento é uma das formas mais eficientes para quebrar barreiras, estigmas e preconceitos, tais como o de gênero. Entre os estudantes das Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais é possível perceber a presença relevante de alunas do sexo feminino em áreas que até há pouco tempo eram consideradas território cativo dos homens. “As mulheres têm enfrentado as dificuldades de inserção e valorização profissional ampliando sua escolaridade. Nas últimas décadas tem crescido a presença feminina em todas as áreas, rompendo os limites dos cursos das áreas de saúde, alimentação e administração. Nas Etecs, por exemplo, elas já representam a metade das matrículas”, analisa o coordenador de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza,  Almério Melquíades de Araújo.

Nos cursos do eixo tecnológico de Gestão e Negócios, por exemplo, as mulheres já são maioria entre os matriculados nas Etecs (63%) e quase metade nas Fatecs (45%) – números do 2º semestre de 2016. Mas elas também buscam inserção em ambientes profissionais nos quais a predominância masculina ainda é grande. No eixo de Infraestrutura, de cursos que atendem os setores de construção civil e saneamento, entre outros, elas já ocupam mais de 30% das vagas tanto no Ensino Técnico quanto no Superior Tecnológico. No de Recursos Naturais, com cursos voltados ao universo do agronegócio, por exemplo, são cerca de metade dos matriculados. São 23% dos estudantes do eixo de Produção Industrial nas Fatecs e maioria nas Etecs (52%).

“As características responsáveis pelo fato de homens e mulheres se encaminharem ou serem encaminhados para diferentes profissões pode ter origem biológica, como diferenças nos hemisférios cerebrais dominantes entre homens e mulheres, ou sociais e culturais”, explica Julia Falivene Alves, escritora, ex-professora e coordenadora de projetos no Centro Paula Souza. “Apesar de termos áreas historicamente reservadas aos homens, sempre houve exceções, como se existisse uma porta oculta, proibida, que pudesse dar vazão a algumas pessoas que não foram dominadas pela prisão da genética ou dos estigmas sociais”, completa.

Mundo justo e igualitário

Para o coordenador de Ensino Superior de Graduação do Centro Paula Souza, José Carlos de Oliveira, apesar de as estudantes do sexo feminino ainda serem minoria nas Fatecs – cerca de 30% – a presença das alunas “indica um novo tempo”. “As questões de gênero estão sendo superadas e o foco é a construção de um mundo mais justo e igualitário”.

Julia diz que todas as pessoas deveriam ter liberdade de escolha. “Imaginemos quantas mulheres nasceram, cresceram e morreram, durante séculos, excluídas do sonho de exercerem profissões nas quais tinham plenas condições de atuar, mas eram impedidas de fazê-lo”, afirma a escritora. “Por isso também devemos valorizar o Dia Internacional da Mulher, para lembrarmos das nossas lutas por igualdade em relação aos homens”.

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