Pindamonhangaba sedia 13ª Feira de Troca de Sementes Crioulas

Durante dois dias, sementes crioulas estarão em evidência em encontro no Vale do Paraíba | Foto: Keith Weller, USDA

A cidade de Pindamonhangaba sedia dois encontros ligados à agricultura familiar – o 2º Seminário da Rede Agroecológica Regional, na sexta-feira (20), e a 13ª edição da Feira de Troca de Sementes Crioulas, Orgânicas e Biodinâmicas do Estado de São Paulo, sábado (21). Nas duas ocasiões, Leandro Barradas Pereira, professor da Escola Técnica Estadual (Etec) Sebastiana Augusta de Moraes, de Andradina, profere palestra.

As pesquisas realizadas no noroeste paulista sobre a cultura do feijão são o tema de Barradas durante o encontro. “Vamos falar da produção orgânica do feijoeiro da região e sobre nossas experiências com o programa de aquisição de alimentos”, conta o professor.

Em 2021, o texto elaborado por Barradas e pelo professor Lauro Kenji Komuro enviado a um vereador local se tornou lei municipal em Andradina – a prefeitura passou a comprar as sementes diretamente dos agricultores familiares, por meio de licitação.

Zona rural

Barradas fala da importância da permanência do estudante na zona rural, desenvolvendo tecnologia capaz de promover uma agricultura sustentável, livre de agrotóxicos, que leve variedade à mesa da população.

Em Andradina, já é possível observar que o número de egressos que continua na zona rural vem aumentando.  “Essa é a consequência das ações que promovemos na escola e de políticas públicas retomadas pelo governo federal, como o Plano de Aquisição de Alimentos (PAA), que permite a cada aluno vender R$ 15 mil por ano de sua colheita ao Governo Federal”, explica o professor, lembrando que há políticas públicas também no âmbito do Governo Estadual.

Sementes Crioulas

Pequenas propriedades rurais, comunidades indígenas e quilombolas são responsáveis pela preservação de uma grande variedade de hortaliças, grãos, leguminosas, cereais e oleaginosas conhecidas como variedades puras, sementes ancestrais, tradicionais ou indígenas.

A troca de sementes garante a sua adaptação a outros biomas. Daí a importância de manter os bancos de sementes e o intercâmbio entre eles.

Em 2011, Barradas criou o Banco de Sementes Crioulas de Andradina, cidade que recebeu, desde sua fundação, em 1930, nordestinos que levaram para a região o feijão-de-corda, ingrediente básico da receita do acarajé.

Pedagogia da alternância

Leandro Barradas começou a se interessar por sementes crioulas em 2010, ano em que se tornou professor na Etec de Andradina.  Em 2011, concluiu doutorado na área de produção de feijoeiro orgânico – um dos primeiros trabalhos científicos de feijoeiro orgânico do Brasil.

Ao introduzir na Etec a pedagogia da alternância, uma modalidade de ensino em que os estudantes passam uma semana na escola e outra na propriedade da família, o professor deu mais um passo em direção à autonomia do futuro produtor rural. “É um ensino em que o estudante escolhe o tema que será trabalhado ao longo do semestre e conta com docentes que atuam em etapa do aprendizado”, diz Barradas. “Entre eles há o “professor visitador”, que vai à propriedade rural para averiguar o que está sendo aplicado e, eventualmente, corrigir a rota”.  

Ainda que tenha surgido na França, nos anos 1930, Barradas considera a Pedagogia da Alternância um método freireano, pois associa a aquisição de conhecimento à realidade de cada um.

Serviço

2º Seminário da Rede Agroecológica Regional
Data: 20 de setembro
Horário: das 8 às 17h

13ª edição da Feira de Troca de Sementes Crioulas, Orgânicas e Biodinâmicas do Estado de São Paulo
Data: 21 de setembro
Horário: a partir das 7h

Local: Av. Dr. Antonio Pinheiro Jr. 4009, Pindamonhangaba