Jovens da Etec de Carapícuíba estudam veneno de aranha utilizando aprendizado de máquina; projeto pretende identificar substâncias terapêuticas e farmacológicas
Alunos Kauã e Giovanna com o orientador Milton Nishyiama: mudança no método de avaliação de toxinas | Foto: Divulgação
Responsável pelo pior quadro clínico causado às vítimas de picada de aracnídeos, o veneno da aranha marrom está no centro do Estudo e caracterização funcional in sílico de proteínas da família das toxinas dermonecróticas em aracnídeos. Esse é o título do trabalho de Giovanna Ferreira Cavalcanti e Kauã Fernandes Souza de Melo, estudantes do Ensino Médio integrado ao Técnico em Desenvolvimento de Sistemas, da Escola Técnica Estadual (Etec), de Carapicuíba.
O projeto teve início como iniciação científica, quando Giovanna participou do programa Cientista Mirim, no Instituto Butantan. “Percebi que outras espécies também apresentam a toxina da aranha marrom. No entanto, elas não causam a mesma forma grave de envenenamento”, conta a estudante. Sendo assim, quais fatores modificariam essas toxinas para apresentar padrões diferentes?
Bioinformática e aprendizado de máquina
Giovanna percebeu que estava em questão a forma como são estudados os venenos, possibilitando a identificação de substâncias terapêuticas e farmacológicas. “O uso da inteligência artificial deve acelerar a descoberta de padrões nas toxinas, incluindo moléculas bioativas, no desenvolvimento de soros mais eficazes, além da compreensão da evolução dos venenos nos organismos que os transportam”, indica Milton Nishiyama Junior, orientador da dupla de alunos.
“Como nos baseamos em bioinformática e aprendizado de máquina, será possível analisar e comparar dados de forma mais eficiente. Com isso, vamos agrupar e acelerar o processo de classificação”, conta Giovanna. Outro ponto: as proteínas identificadas podem servir como referência em ensaios para avaliar os efeitos e a potência do veneno de aranhas, reduzindo testes em animais (geralmente camundongos) para produção de soro.