Objetivo do encontro foi conhecer um pouco do trabalho de estímulo à pesquisa desenvolvido por Joana Félix na unidade. Trabalho de iniciação científica desenvolvido com alunos já rendeu 15 patentes e 60 prêmios nacionais e internacionais
Governador ouve Joana Félix em reunião com Laura Laganá, diretor Sandoval (esq) e secretário-adjunto Valverde | Foto: Ciete Silvério
Atualizado em maio de 2019
O governador Geraldo Alckmin recebeu ontem, 25 de outubro, no Palácio dos Bandeirantes, na Capital, o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDCTI), Cláudio Valverde, a diretora-superintendente do Centro Paula Souza (CPS), Laura Laganá, o diretor da Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Carmelino Corrêa Junior, de Franca, Cláudio Sandoval, e Joana Félix, professora da unidade agrícola. O objetivo do encontro era conhecer um pouco do trabalho de estímulo à pesquisa desenvolvido por Joana com os estudantes da escola.
“A partir de nosso trabalho de iniciação científica, já registramos 15 patentes e recebemos 60 prêmios nacionais e internacionais”, contou a professora, que é graduada em Química, mestre e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Queremos fazer a diferença na Educação Básica despertando o espírito investigativo nos alunos e, assim, reduzindo a evasão escolar.” O governador elogiou a atuação da professora e do diretor Cláudio. “É um belíssimo trabalho”, afirmou.
Joana, que é também assessora científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), trabalha para fomentar o interesse pela pesquisa entre estudantes do Ensino Técnico Integrado ao Médio, Técnico e, mais recentemente, Ensino Médio da Etec. Ela envolve os alunos na busca de soluções para questões locais, como a criação de fertilizantes para a lavoura de café da região ou o uso de resíduos de couro em produtos úteis à sociedade, uma vez que Franca é um polo produtor de calçados.
Além de supervisionar a produção de iniciativas criativas, ela se preocupa em viabilizá-las, articulando a transferência de tecnologia para que os produtos cheguem ao mercado. Este ano, duas estudantes orientadas por ela ganharam o Prêmio CRQ, do Conselho Regional de Química na Categoria Ensino Médio pelo projeto Cimento ósseo a partir da reciclagem de resíduos das indústrias coureira e pesqueira. Foi a terceira vez que alunos orientados por Joana conquistaram o CRQ, um feito inédito na história do prêmio. Os projetos Pele humana para transplantes e testes farmacológicos e Fertilizantes organominerais sustentáveis a partir de resíduos sólidos do setor coureiro-calçadista da cidade de Franca já haviam sido reconhecidos pelo CRQ nas edições de 2014 e 2015 respectivamente. Em outubro, resultados do trabalho de Joana com estudantes esteve exposto na exposição Inovanças, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Filha de uma empregada doméstica, Joana nasceu e cresceu em uma casa na área de um curtume de Franca onde seu pai trabalhava. “Minha mãe me levava junto no trabalho e eu tinha de ficar quietinha esperando. Então pegava o jornal O Estado de S. Paulo que chegava na casa e, com ajuda da minha mãe, ia circulando as palavras iguais com um lápis de cor que eu ganhei”, conta. “Um dia a patroa da minha mãe, que era diretora de escola, perguntou se eu estava olhando as figurinhas. Eu respondi: eu estou lendo mesmo.”
Recuperada do susto, a diretora conseguiu uma vaga para Joana na escola. “Meu sonho era vestir um jaleco branco, como o químico do curtume”. E conseguiu. Anos depois, foi aprovada em Química na Unicamp, onde também fez pós-graduação. Durante o doutorado na universidade. Retornou a Franca quando a mãe adoeceu e acabou se reinstalando na cidade, decidindo prestar concurso para trabalhar como professora na Etec.