O fertilizante desenvolvido a partir de resíduos de curtumes pelo aluno Alexandre dos Santos Migliorini, da Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Carmelino Corrêa Júnior, em Franca, foi premiado na Mostra Brasileira de Ciência e Tecnologia […]
Alexandre e a professora Joana D’Arc na premiação
O fertilizante desenvolvido a partir de resíduos de curtumes pelo aluno Alexandre dos Santos Migliorini, da Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Carmelino Corrêa Júnior, em Franca, foi premiado na Mostra Brasileira de Ciência e Tecnologia (Mostratec) 2015, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. O projeto Os riscos dos teores de nitrato em hortaliças, elaborado sob a orientação da professora Joana D’Arc Félix de Sousa, recebeu o Prêmio ABRIC (Associação Brasileira de Incentivo à Ciência) de destaque em iniciação científica e ficou em terceiro lugar na área de Ciências Animais e das Plantas. O estudante e a docente também foram premiados com o credenciamento para a apresentação da pesquisa em uma feira de ciências que ocorrerá em Houston, nos Estados Unidos, em abril do ano que vem, a I-SWEEEP – International Sustainable World Project Olympiad.
O estudo da Etec de Franca constatou que as hortaliças cultivadas com o fertilizante sustentável desenvolvido com os resíduos do setor coureiro-calçadista absorvem menos nitrato do que as hortaliças adubadas de maneira tradicional, com ureia. Ao consumir as folhas verdes na alimentação, os seres humanos absorvem o nitrato, que é convertido em nitrito, uma substância cancerígena e que pode causar doenças. Em crianças de até dois anos, pode acarretar a morte por asfixia, processo denominado de síndrome do bebê azul.
“Muitos pequenos e médios agricultores não têm conhecimento sobre os riscos do uso de fertilizantes. Utilizando a adubação de maneira controlada, em laboratório, já percebemos o quanto pode ser perigoso para a saúde. O produtor rural que aplica fertilizantes aleatoriamente causa ainda mais riscos”, alertou Alexandre, de 17 anos, aluno do 3º ano do curso de Agropecuária integrado ao Ensino Médio e do 1º módulo do técnico em Curtimento.
Além de reduzir a absorção de nitrato na agricultura e, consequentemente, diminuir os riscos à saúde humana, o fertilizante ainda ajuda a resolver uma questão ambiental importante em Franca: reaproveitar parte das 220 toneladas de resíduos produzidas diariamente pelos curtumes. O próximo passo da pesquisa é verificar o desempenho do adubo criado pela Etec em outras produções agrícolas.
“Testamos o fertilizante no cultivo de alface, repolho e espinafre para a pesquisa. Em breve, vamos analisar a aplicação em outras culturas, como plantações de milho”, diz a professora Joana D’Arc, que adianta uma novidade sobre o produto: “Estamos em negociação de transferência de tecnologia para uma indústria do setor”.
O projeto também foi premiado na 9ª edição da Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), realizada em outubro. A pesquisa foi vencedora na categoria Melhor Projeto de Destaque em Inovação.