Filtro de Daltonismo

Fatecs preparam alunos para atuar como global workers

Os currículos e as práticas escolares promovem estratégias para interação com pessoas de outros países, além de dominar uma língua estrangeira

2 de maio de 2023 10:25 am Institucional

Trabalhar no exterior. O que antes era um sonho quase impossível, torna-se cada vez mais viável com a globalização e com a comunicação digital. Muitos jovens conhecem bem essa possibilidade. Por isso, já ficam de olho em conquistar uma chance no mercado internacional desde os bancos escolares. Igualmente sintonizadas com essa realidade, as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Centro Paula Souza (CPS) atuam para formar os chamados global workers, os trabalhadores globais.

Por serem brasileiros, parece que eles já saem com uma vantagem, diz Felipe Coutinho, ex-aluno da Fatec de Santo André, que hoje vive na Alemanha: “O brasileiro se destaca pois está acostumado a multitarefas, tem mais ritmo, é capaz de encarar diferentes demandas simultâneas”.

Felipe formou-se tecnólogo em Eletrônica Automotiva e fez graduação em engenharia elétrica. Ao sair da Fatec, começou a trabalhar em uma multinacional fazendo diagnósticos automotivos. Nessa empresa, viajou a vários países para treinamento. O próximo emprego foi em uma grande montadora de veículos alemã. Passou ainda por outros empregos até meados de 2022, quando assinou contrato com uma companhia de tecnologia em Stuttgart, polo industrial no sudoeste germânico. “Agora atuo em um projeto de gerenciamento de energia do infotainment dos veículos Porsche. Trata-se de um sistema de comunicação de direção inteligente e de entretenimento”, conta.

Outro fatecano que botou um pé no exterior antes mesmo de pegar o diploma de tecnólogo foi Bruno da Silva Melo, egresso da Fatec de Pompeia. Aluno de Mecanização em Agricultura de Precisão, ele tinha planos de terminar a faculdade, depois fazer um estágio no exterior. No entanto, às vezes existem pedras pelo caminho que temos de transpor. “Em 2014, faltando seis meses pra terminar a Fatec, perdi meu emprego. Tive de trancar a matrícula por um tempo”, conta. Só que, antes dele trancar a matrícula, uma empresa esteve na Fatec para apresentar seu programa de estágios. Ele se candidatou e foi aceito para o ano de 2015.

Bruno fez estágio na Treasure State Green, uma fazenda de produção de grãos que fica na cidade de Brockton, em Montana, Estados Unidos. Empresa que o contratou e onde trabalha atualmente – agora de posse de um green card – gerenciando processos de plantio, pulverização e colheita de grãos. Ele terminou o curso na Fatec em 2016, faturando o prêmio de melhor aluno da turma.

Do you speak english?

A estratégia de aproximar universidade e empresas estrangeiras de estudantes brasileiros cresce a cada ano. Uma das iniciativas abrigadas institucionalmente pelo CPS em 2012 levou Gabriel Silva de Oliveira à Carolina do Norte, nos Estados Unidos: o programa federal Ciências sem Fronteiras (CsF), que oferece um ano de graduação “sanduíche” – parte do curso é realizada no Brasil e parte no exterior – para estudantes que dominam uma língua estrangeira. Aluno de Eletrônica da Escola Técnica (Etec) Estadual Horácio Augusto, Gabriel também fez dois cursos superiores de tecnologia na Fatec São Paulo: Materiais, Processos e Componentes Eletrônicos (MPCE), que agora se chama Microeletrônica; e Análise de Sistemas.

Hoje ele estuda e trabalha na Universidade Estadual da Carolina do Norte, onde passou uma temporada pelo CsF, e da qual recebe uma bolsa para se manter na cidade de Raleigh, capital do estado. “Faço doutorado no campo da tecnologia educacional. Quero seguir na carreira de educador nessa área. Minha pesquisa é dedicada a apoiar os estudantes de programação porque muitos desistem logo no primeiro ano”, relata. O trabalho na universidade se dá em duas frentes: como professor de programação em Java para turmas iniciais e como assistente de pesquisa em um grupo de estudos sobre dilemas éticos do ensino para crianças com uso de inteligência artificial.

Se um requisito obrigatório para dar um passo fora do Brasil é o domínio de uma língua estrangeira, é fundamental que essa capacidade seja desenvolvida o quanto antes. “Eu não gostava de inglês, não aprendia de jeito nenhum. E um amigo sempre me dizia – não se forme sem falar inglês”, lembra Rafael Culler, paulista que cursou eletrônica automotiva na Fatec São Paulo e repete o conselho a quem pergunta sobre sua experiência profissional.

Rafael começou a trabalhar, no último ano do curso de tecnologia, na Volkswagen, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Na época, chamou colegas para montar uma equipe que foi composta só por ex-alunos da Fatec. Formado, fez graduação em engenharia eletrônica. E, da VW, foi para a Fiat, em Betim, Minas Gerais. Em 2022, um salto sobre o oceano: surgiu uma vaga na Volvo Cars, em Gotemburgo, segunda maior cidade da Suécia, onde vive há um ano e meio.

No CPS, dos 87 cursos superiores de tecnologia, em 75, o inglês e, em 17, o inglês e o espanhol são disciplinas obrigatórias. De acordo com Mariane Teixeira, coordenadora do eixo de Línguas e Projetos Internacionais das Fatecs, vinculado à Unidade do Ensino Superior de Graduação (Cesu), a carga horária e o desempenho dos alunos nessas matérias seguem padrões internacionais da comunidade europeia.

Muitas ações envolvem a prática de idiomas com interações internacionais e trabalho colaborativo entre brasileiros e estrangeiros, visitas de professores estrangeiros e intercâmbios pedagógicos. Um exemplo é a abordagem Collaborative Online International Learning (COIL), em que o CPS se tornou referência mundial, relata Osvaldo Succi Jr., coordenador de Projetos Internacionais da Cesu. “Os alunos fazem projetos em conjunto com estudantes de outros países, em um período de quatro a oito semanas, cumprindo etapas de planejamento, interação quebra-gelo, exploração da cultura, tarefa principal e avaliação”, explica Succi.

Compartilhe


Veja também