Criado por professores da Faculdade de Tecnologia, com a colaboração dos alunos, estudo analisa o poder de compra da população de São Paulo em cada um de seus 96 distritos
A pizza é base para o índice que aponta discrepâncias no poder de compra das famílias da capital | Crédito: KamranAydinov – Freepik
Lançado no início de 2022 por professores da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Sebrae, o Índice Mozarela acaba de chegar à segunda edição. A importância da continuidade está na possibilidade de oferecer ao público um marcador permanente e didático de aferição dos preços ao consumidor na cidade de São Paulo. Ou, trocando em miúdos, a capacidade de mostrar quanto da renda de uma família, em lugares distintos da cidade, é comprometida por um mesmo produto.
Com a colaboração dos alunos, os professores Rodolfo Ribeiro e Alexandre Homenko Neto mapearam os 96 distritos paulistanos. Em cada um deles, analisaram o custo médio da tradicional pizza sabor muçarela em valores absolutos (aquilo que o consumidor paga pelo produto) e pelo percentual que ela representa no orçamento da família.
Abismo entre extremos
De acordo com esta segunda edição, sabemos, por exemplo, que é no Morumbi, bairro de classe média alta, que se encontra a pizza mais barata da cidade. Já a mais cara é consumida em Perus, no extremo noroeste. Como isso é possível? Bem, é aí que entra a fórmula criada pelos professores. A equação é a seguinte: o preço médio de uma unidade de pizza muçarela de 8 pedaços é dividido pela renda média local e multiplicado por 100. O valor da pizza é menor quanto mais próximo de zero for o número resultante. Dessa forma, chega-se ao valor que ela representa no orçamento do consumidor. E o estudo indica que quanto menor a renda familiar, maior é a parcela do seu orçamento comprometida pelo preço da pizza. Daí o porquê de moradores de Perus pagarem mais pelo prato.
Uma das melhorias apontadas por Ribeiro em relação à 2022 tem relação com o sistema de delivery. “Percebemos como o aplicativo interfere no preço”, conta o professor. “Ele puxa o valor para cima, o que não acontece com o pedido por telefone no mesmo estabelecimento.”
Contribuiu para esse aperfeiçoamento o número ainda mais elevado de alunos dispostos a colaborar nessa segunda edição, permitindo o acréscimo de dados ao estudo, que apontou uma diferença de 129% entre os distritos quando se leva em conta o número absoluto; com base no Índice Mozarela, porém, a diferença é da ordem de 170%. Voltando a Perus: se os moradores pagassem a mesma proporção que se desembolsa no Morumbi, a pizza custaria modestos R$ 14,62 em vez de R$ 41,97, média do preço local.
O BigMac no mundo
Uma das fontes de inspiração para o Índice Mozarela foi o Big Mac Index, criado pela revista britânica The Economist em 1986. “Trata-se de um marcador de poder de compra muito popular, consolidado e respeitado. Outros índices podem usar metodologias mais complexas, mas esse é acessível, está sempre atualizado e à mão”, avalia Ribeiro. O Big Mac Index analisa o preço do lanche mais popular da rede Mac Donalds em relação à renda per capta de um país.
Para o Índice Mozarela, foram usadas as informações levantadas pela Rede Nossa São Paulo, ação da sociedade civil que indica a renda em cada distrito da capital. A esses dados, o Índice traz um complemento: o poder de compra.
Como acessar
Em breve o Índice Mozarela poderá ser acessado em um site na Nuvem – Núcleo Universitário de Empreendedorismo e Marketing -, estrutura coordenada por Homenko, que abriga os projetos de extensão universitária criados nos cursos de Gestão de Negócios e Marketing da Fatec Sebrae. Ali será possível consultar as edições do Índice e os materiais complementares, além de palestras e outros trabalhos da Fatec Sebrae.
Por enquanto, você pode conferir as edições 2022 aqui e 2023 aqui.