Fatec Ourinhos integra projeto de fomento à agricultura familiar

Desde março, cidades de Caiuá e Assis se juntaram a Santo Anastácio, Ibirarema e Espírito Santo do Turvo como participantes do projeto; aulas são conduzidas por professor da faculdade

28 de maio de 2018 1:00 pm Fatec

Cultivo de alface e outras hortaliças faz parte do currículo do curso criado por Roger Oliveira| Foto: ONG Ato Cidadão/Divulgação

A Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Ourinhos é uma das agentes do projeto Seguindo em Frente, que busca capacitar adultos socialmente vulneráveis do interior paulista por meio do ensino das técnicas de horta hidropônica. A Fatec é responsável pela elaboração das aulas do projeto, material didático, ensino e acompanhamento da metodologia aplicada. Desde março, as cidades de Caiuá e Assis se juntaram aos municípios de Santo Anastácio, Ibirarema e Espírito Santo do Turvo como participantes.

A iniciativa tem como investidores a concessionária de estradas Cart e o Instituto Invepar e é administrada pela Baobá Sustentabilidade e pela ONG Ato Cidadão. Usado para fomentar a agricultura familiar e criar novas possibilidades de renda para os moradores,  o método de plantio pela hidroponia recebeu o Prêmio Mérito Ambiental da Federação das Indústrias do Estado de São (Fiesp) no ano passado.

As aulas são conduzidas pelo professor Roger de Oliveira, especialista em Agronegócio e auxiliar docente na faculdade. A Fatec também é responsável por criar e ensinar a montagem da estufa e dos equipamentos necessários para a realização do plantio.

O programa já atendeu desempregados, assentados rurais, dependentes químicos em fase de ressocialização e pessoas em tratamento contra transtornos mentais, aplicando conhecimentos sobre empreendedorismo para que os alunos conheçam a hidroponia como um negócio. São quatro meses de aulas semanais, teóricas e práticas.

“Esse tipo de cultivo proporciona maior produtividade e produção em determinadas épocas do ano em que não se conseguia plantar por conta das dificuldades com o clima”, explica Oliveira.”Dessa forma, a hidroponia proporciona aos participantes conhecimentos sobre uma alternativa de renda para o núcleo familiar.”

O material para os estudantes foi criado com base em pesquisas bibliográficas, privilegiando uma linguagem simples e ilustrativa, já que a capacitação é voltada especialmente a pessoas sem nenhuma outra formação. Na capacitação prática, os alunos aprendem como cultivar as culturas primárias,  aquelas com maior potencial de vendas: alface, chicória e almeirão. Depois, conforme interesse regional, é possível aprofundar os conhecimentos necessários para o cultivo de outras variedades.

“Em Santo Anastácio, um produtor de hortaliças vinha tentando aplicar a hidroponia, mas não estava conseguindo acertar o plantio”, lembra Oliveira. “O projeto chegou ao município e, durante o curso, ele foi tirando as dúvidas. Quando voltei para visitá-lo no ano seguinte,  ele estava produzindo 25 mil pés por mês, de diversas hortaliças.”

Hidroponia e empoderamento 

A escolha da hidroponia visa preparar a população para sustentar a produção no longo prazo. De instalação um pouco mais complexa que a plantação em solo, demanda o uso de  estufa com uma rede de canos para hidratar e nutrir as raízes das plantas. O retorno do investimento se dá pela qualidade da produção, mais limpa e menos suscetível a pragas, e, consequentemente, ao uso de agrotóxicos. Esse método tem também ciclos mais rápidos. No caso da alface, são 21 dias do plantio à colheita, ante 60 dias na terra. Além disso, o replantio é mais barato, por dispensar a reposição de adubo, com redução de até 75% de água, sendo viável durante todo o ano.

O programa dá autonomia às famílias e também ajuda os municípios, pois a estufa montada para as aulas passa a ser usada para produção voltada à assistência social, hospitais, creches e outros serviços públicos. Oliveira estima que cerca de 200 pessoas já tenham sido capacitadas desde 2015. Os concluintes recebem certificados.

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