Iniciativas promovem cultura oceânica e envolvem alunos em projetos interdisciplinares que incentivam ações de preservação ambiental em diversos munícipios
Projeto da Etec de São Sebastião busca conter bioinvasão do coral-sol no oceano | Foto: Sergio Augusto Coelho de Souza
Criado em Portugal, o conceito Escola Azul visa trabalhar o tema “oceano” de forma transversal no currículo escolar, desenvolvendo o pensamento crítico e criativo, a fim de engajar ativamente a comunidade escolar na cultura oceânica.
No Brasil, o programa é coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e busca responder ao desafio de engajar a sociedade na Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2021 a 2030. A proposta é promover ações voltadas ao cumprimento das metas da Agenda 2030 e à sustentabilidade dos oceanos.
Em abril, o chamado currículo azul, foi oficializada com a assinatura do Protocolo de Intenções em Brasília, com o apoio da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e articulação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), além do Ministério da Educação (MEC). A proposta é que ele seja integrado às escolas de todo o país e adaptado às realidades locais.
Atualmente, quatro Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) desenvolvem projetos reconhecidos com o selo Escola Azul. Confira alguns dos temas trabalhados com os estudantes:
Etec de São Sebastião
Estudantes do Ensino Médio integrado ao Técnico em Meio Ambiente desenvolveram, no laboratório de Ciências da Etec, uma pasta aderente composta por ingredientes acessíveis e de fácil obtenção no mercado, como a soda cáustica, com o objetivo de contribuir para a preservação da vida marinha.
O projeto foi elaborado por Eduarda Espíndola Silva, Gusthavo Marques Dantas Pereira de Araújo e Kauê Câmara Leal de Oliveira, em parceria com pesquisadores do Centro de Biologia Marinha (Cebimar), da Universidade de São Paulo (USP). A proposta busca conter a bioinvasão do coral-sol, espécie originária do Oceano Pacífico, que se prolifera rapidamente e compete com espécies nativas, gerando desequilíbrio ecológico. Atualmente, uma nova turma de alunos retomou os testes com o objetivo de aperfeiçoar a pasta, focando em aumentar sua aderência ao ambiente marinho. Saiba mais
Etec de Diadema
Na Etec Juscelino Kubitschek de Oliveira, de Diadema, os alunos desenvolvem o projeto Dinâmicas nas zonas costeiras e sua relação com os oceanos, sob orientação do professor Juarez José da Silva. A iniciativa é realizada de forma interdisciplinar com estudantes do primeiro e segundo anos do Ensino Médio integrado ao técnico em Administração e Ensino Médio com ênfase em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, por meio da produção de pesquisas, cartazes, maquetes e experimentos a serem apresentados durante a Semana do Meio Ambiente que será realizado em junho deste ano.
As atividades incluem, ainda, aulas expositivas, exibição de documentários, clubes de Ciências e visitas técnicas. “Ao estimular o protagonismo juvenil e o pensamento crítico, a escola contribui para formar cidadãos conscientes de sua relação com o oceano e do impacto das ações humanas no equilíbrio ambiental”, afirma Juarez.
Etec de Praia Grande
Uma das unidades mais recentes a receber o selo Escola Azul, a Etec de Praia Grande, localizada no litoral sul do Estado de São Paulo, desenvolve o projeto Conexão Azul: engajamento dos jovens na cultura oceânica para um mundo sustentável. A iniciativa busca promover a conscientização ambiental entre os estudantes e ampliar o conhecimento sobre a importância dos oceanos.
Coordenado pelas professoras Janara Matos e Sergiana Ramos, o projeto visa formar jovens multiplicadores capazes de compartilhar esse aprendizado com a comunidade.
Com 12 praias e população superior a 370 mil habitantes, além de ser destino turístico durante o verão, a cidade demanda atenção especial às questões ambientais. Nesse contexto, o projeto adota metodologias colaborativas, como rodas de conversa, grupos de estudo, saídas de campo e práticas laboratoriais, incentivando o protagonismo estudantil e a integração com comunidades litorâneas.
Além de destacar a importância da biodiversidade marinha e dos ecossistemas costeiros, como manguezais e recifes de corais, a proposta inclui o monitoramento ambiental das praias e o desenvolvimento de atividades interdisciplinares com base nos sete princípios da cultura oceânica. A expectativa é que os estudantes se tornem agentes de transformação, contribuindo para a preservação do meio ambiente e para a construção de um futuro sustentável.