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Etecs e Fatecs ganham espaços para turbinar projetos de alunos

Um novo ensino nasce com o layout inovador e equipamentos tecnológicos; projetos saem do papel e deixam alunos mais preparados para o mercado de trabalho

13 de junho de 2023 10:33 am Institucional

Na Etec de Teodoro Sampaio, a sala maker já era aguardada desde a entrega da nova sede em 2021 | Foto: Divulgação

Um espaço “diferentão”, com design moderno e muito, mas muito distante mesmo das salas de aula convencionais. Assim são os Espaços Maker desenvolvidos pelo Centro Paula Souza. Até o momento, 199 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e 76 Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) já finalizaram a montagem desses ambientes, mas todas as 300 unidades do Estado vão oferecer esses espaços em breve.

A montagem começou em fevereiro deste ano e deve ser concluída ainda em julho, com uma fórmula que consiste em mobiliário modular (mesas, cadeiras e pufes), dois aparelhos Smart TV de 65 polegadas e moldura touch, 15 notebooks, quadro de ferramentas, dois quadros de vidro, kit Arduíno, além de cortadora a laser, impressora e scanner 3D. “Mais do que os equipamentos, o importante nesse espaço é o protagonismo do aluno”, define Bruna Ferreira, coordenadora da Unidade de Infraestrutura (UIE) do CPS. “O mobiliário é flexível para se adaptar ao tipo de atividade que o professor quiser oferecer”, diz.

Quando comparamos as fotos das salas de aula de 1900 e as de hoje, notamos que quase não há diferença entre elas. As disciplinas, no entanto, sofreram grandes mudanças e a tecnologia deu saltos gigantescos, especialmente nos últimos 50 anos (o microcomputador surgiu em 1977; o primeiro celular, em 1984). E os Espaços Maker do CPS foram pensados para seguir com essa evolução.

Transformação radical

Em Quatá, na Etec Dr. Luiz César Couto, o diretor Ronaldo Garcia Almeida está entusiasmado. “O Espaço Maker foi projetado para estimular a criatividade, o pensamento crítico e o trabalho colaborativo dos alunos”, avalia. “Proporciona uma experiência prática de aprendizado e promove a interdisciplinaridade, incentivando a colaboração entre os estudantes de diferentes áreas do conhecimento.”

“É preciso entender que esse não é um espaço para aulas de informática”, alerta Maycon Azevedo Geres, diretor da Etec Professora Nair Luccas Ribeiro, de Teodoro Sampaio.  Em 2021, quando a nova sede da escola foi inaugurada, Geres já reservou uma sala com essa finalidade. Para testar todo o potencial do ambiente, propôs uma Batalha Maker, em que os grupos inscritos não precisam ser do mesmo curso. Aliás, é aconselhável que não sejam. “Pode acontecer de um estudante do curso Técnico em Agroindústria propor um alimento que o colega do Técnico em Agronegócio saberá como introduzir no mercado”, conta. “Disciplinas como literatura também têm espaço na nova sala”. Ao final do torneio, em novembro, o grupo vencedor receberá um prêmio de 5 mil reais.

Aprender fazendo

Em novembro de 2019, Luis Eduardo Fernandes Gonzalez, diretor da Etec Bento Quirino, de Campinas, já havia intuído a demanda por um espaço organizado no formato do atual Espaço Maker. Quando a escola venceu uma das quatro categorias do Prêmio Eseg de Gestão (uma parceria do CPS com a Escola Superior de Engenharia e Gestão), o dinheiro foi usado na compra de uma impressora a laser, a primeira da unidade. Com a guinada que o mundo sofreu nos primeiros meses de 2020, com a chegada da pandemia de Covid-19, a impressora foi usada para a produção de face shields, doadas à prefeitura da cidade e para o Hospital das Clínicas. Uma empresa parceira doou uma segunda impressora, o que dobrou a produção dessas máscaras, essenciais na primeira fase da pandemia.

“Começamos a organizar nosso Espaço Maker com parcerias regionais”, conta Gonzalez. “Os alunos usam bastante, principalmente para o desenvolvimento de projetos de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentações em feiras de ciências e hackathons. Agora, com o novo mobiliário e os equipamentos enviados pelo CPS, o ambiente melhorou muito, está mais adequado em relação ao conforto e ergonomia e nos permite ampliar a quantidade de projetos em desenvolvimento simultâneo”, comenta. “Duas salas contíguas, a de TV e e o Laboratório de Gestão, com computadores, se tornaram um mesmo espaço. Toda a escola tem aparelhos de TV, já não era preciso um lugar só para isso”, lembra o diretor. Assim, os primeiros passos em direção ao novo paradigma pedagógico já haviam sido dados.

Neste ano, um boom de utilização da sala exigiu da direção um cronograma rigoroso para que todos os alunos possam usá-la em projetos para a participação em feiras e outros eventos, além de TCCs.

Aluno do 3º semestre Ensino Médio Integrado ao Técnico (Etim) de Eletrônica, Renan Lima Ribeiro Pinto está entusiasmado. “Todo mundo gosta da sala maker, não só porque fazemos aulas práticas, mas porque fica tudo mais dinâmico”, diz o jovem, que prepara seu TCC com o tema Rádio Web. “Voltei a ter paixão por eletrônica quando comecei a usar essa sala.”

Renan conta que os alunos ficam no espaço mesmo depois do horário de aula, o que acaba por agregar um benefício extra: estudantes de disciplinas e cursos diferentes trocam ideias e se ajudam na busca da chave para alguma questão desafiadora.

Estúdio para aulas online

“É um espaço em que o aluno aprende fazendo. Nossos estudantes já começam a imprimir componentes para projetos de robótica e internet das coisas usando a plataforma Arduíno. Também usamos a sala como estúdio para a transmissão de aulas online de inglês e espanhol, tanto para os estudantes como para a comunidade”, informa Marcos Maia, diretor da Fatec Bragança Paulista, que acredita estar diante do modelo de sala de aula que certamente se tornará o padrão a partir de agora.

O formato de sala, que veio junto com essa nova forma de ensino, está fazendo sucesso entre os estudantes. Elpídio de Araújo, diretor da Etec Zona Leste, na Capital, conta que os alunos estão surpresos e “maravilhados” com o design dos móveis e do ambiente, que foge dos padrões.

Adaptações

A planta baixa que os diretores e professores recebem é uma sugestão para quem dispõe de um ambiente entre 49 e 60 metros quadrados. As 227 Etecs e 76 Fatecs estão instaladas em prédios entre recém-inaugurados e centenários, mas todos têm condições de receber a sala, eventualmente com alguns ajustes.  “Nas unidades em que os compartimentos são pequenos, é possível fazer adaptações, como alocar algumas mesas em outro ambiente”, explica Bruna Ferreira.

“As salas de aula tradicionais são uma fórmula esgotada”, avalia Andrea Marquezine, assessora técnico administrativa da Unidade do Ensino Médio e Técnico (Cetec) do CPS. Responsável pelo padrão de espaços físicos para laboratórios, Andrea e sua equipe começaram a identificar, em 2016, que conceitos como Indústria 4.0, Espaço Maker e FabLab, entre outros, ganhavam corpo e indicavam uma nova direção tanto no mercado de trabalho como na formação profissional e tecnológica do aluno. Além disso, ela lembra que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018 já alertava para a necessidade de dar aos estudantes espaços criativos. A partir da soma desses dados, a instituição criou uma base comum: um projeto que atendesse a todas as Etecs e Fatecs.

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