Etec Parque da Juventude cria jogos de tabuleiro para a ONU

Em parceria com a USP, projeto incentiva criatividade dos alunos da unidade no desenvolvimento de jogos sobre direitos humanos e justiça; material será distribuído para escolas do mundo todo

18 de fevereiro de 2019 9:33 am Etec

Proposta desenvolvida pelos alunos da Escola Técnica aborda direitos humanos e justiça | Foto: Diego Lombo Machado

Um grupo de alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Parque da Juventude topou o desafio de resgatar a popularidade dos jogos de tabuleiro no ambiente escolar. Em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), os estudantes estão desenvolvendo jogos não digitais para abordar direitos humanos e justiça, em uma campanha do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

O contato com a USP foi feito pelo ex-aluno da unidade Luigi Rizzon, bolsista de pós-graduação na universidade, com a proposta de conectar os Ensinos Superior, Médio e Técnico para participar de uma chamada internacional da ONU. A organização propôs um concurso de jogos não digitais para incentivar a consciência crítica sobre assuntos como direitos humanos, racismo, porte de armas, guerras, violência de gênero, corrupção e uso de drogas.

O UNODC selecionou dez propostas para o desenvolvimento dos jogos no mundo e uma delas foi o Purposyum, Challengers of Justice, concebido pela USP. Após essa seleção, houve o contato com a Etec e, durante o segundo semestre do ano passado, 25 estudantes do Ensino Técnico Integrado ao Médio, divididos em dois grupos, realizaram reuniões após as aulas regulares para desenvolver os jogos, sob a orientação de alunos e professores da universidade.

Para Elvirley de Oliveira, professor e coordenador na Etec, a abordagem dos direitos humanos é historicamente importante para a continuidade na transformação do local onde a escola está localizada: o Parque da Juventude abrigou o Complexo Penitenciário do Carandiru. “A opção de fazer jogos não digitais também promove uma interação mais ‘cara a cara’ entre os alunos e permite discussões importantes sobre questões sociais”, afirma.

Processo de criação

A concepção dos materiais é baseada na metodologia das game jams – reuniões nas quais pessoas de diferentes áreas de conhecimento criam um jogo em torno de um tema específico, em um tempo predeterminado. Nesse contexto, os professores deram voz à experiência de cada aluno, além de resgatarem memórias de jogos e brincadeiras, para que as ideias tomassem corpo.

Os estudantes chegaram a quatro protótipos: o Jogo da Consciência, o Diário de Dandara, o PlanIt e o CourtSymulator.  Neste mês, os grupos trabalham na consolidação dos materiais para chegar a uma versão final, que será encaminhada à agência da ONU.

Para o professor Gilson Schwartz, um dos responsáveis pelo projeto na Cidade do Conhecimento, grupo de pesquisa da USP, a criação de jogos hoje é uma dimensão essencial da alfabetização midiática e informacional. “Criar jogos é estar preparado a decifrar e atuar em sistemas digitais vitais que nos dão muitas vezes uma sensação de controle, soberania e conhecimento que é apenas superficial”, explica Schwartz.

Ao final do processo, a ONU distribuirá para escolas do mundo todo um dos jogos criados na Etec e mais nove selecionados de outros países. Porém, como surgiram muitas propostas na Escola Técnica e entre alunos da USP, será feita uma parceria com a rede Games for Change para mobilizar parceiros, viabilizar a finalização de todos os jogos e valorizar a transmissão de conhecimentos acerca dos assuntos abordados.

“A partir do momento em que exercitamos uma pedagogia lúdica, seja qual for o tema do jogo, seus recursos retóricos ou mecânicas de ‘jogabilidade’, estamos reconhecendo o direito de o outro jogar. Com isso, aceitamos que toda a diversidade é possível, tolerável e respeitável”, conclui Schwartz.

Confira aqui o vídeo institucional do projeto.

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