Dicas para escolher o melhor chocolate e celebrar a Páscoa

Professora de nutrição da Etec Irmã Agostina, da Capital, Gabriela de Lima Santiago ensina a ler rótulos dos produtos e explica os benefícios da versão do doce meio-amargo

6 de abril de 2023 11:07 am Institucional

Chocolate pode ser consumido em quantidades moderadas; versão com menos ingredientes é a mais indicada I Foto: Pixabay

Com a proximidade da Páscoa, uma simples ida ao mercado se transforma em uma aventura. Diante de tantas opções, qual chocolate escolher? É possível eleger um produto mais saudável? Com dicas e orientações de professores do Centro Paula Souza, é possível optar pelo melhor alimento, levando em consideração a composição nutricional.

Tantos produtos à disposição do consumidor são resultado do fato de que o chocolate é muito apreciado pelos brasileiros. Apenas nos primeiros nove meses de 2022, 1,75 bilhão de itens foram vendidos, o que representou um aumento de 10,3%, comparado com o mesmo período do ano anterior. Esses dados são da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).

“A leitura e o entendimento do rótulo são a melhor maneira para realizar a escolha do chocolate”, explica Gabriela de Lima Santiago, professora do curso técnico de Nutrição e Dietética na Escola Técnica Estadual (Etec) Irmã Agostina, localizada na Capital. “A partir da lista de ingredientes e da tabela nutricional é possível observar o grau de processamento do produto, as matérias-primas utilizadas e os nutrientes presentes.”

Ao analisar a relação de ingredientes de um chocolate, a nutricionista indica que o ideal é encontrar uma quantidade pequena de itens, bem como nomes que não soem estranhos aos nossos ouvidos.

“Sabe-se ainda que os ingredientes estão dispostos na lista em ordem crescente de quantidade, portanto, se o primeiro item não é algum derivado do cacau, provavelmente esse chocolate não é o melhor no quesito nutricional. Com a nova rotulagem de alimentos, é possível fazer uma avaliação rápida do perfil nutricional, já que termos como ‘alto em açúcar adicionado’ e ‘alto em gordura saturada’ estarão presentes na parte frontal da embalagem, dando maior autonomia ao consumidor.”

Gabriela dá dois exemplos de rótulos. Os dois chocolates são brancos, mas o chocolate A pode ser considerado pior no quesito nutricional porque apresenta uma lista de ingredientes maior, com nomes incomuns. Também se destaca o fato de que o primeiro item é o açúcar. No caso do chocolate B, vemos o contrário.

Quanto de chocolate posso consumir por dia?

Essa pergunta já passou pela sua cabeça? Gabriela explica que não existe uma recomendação que defina a quantidade mínima ou máxima de chocolate a ser consumida em um dia, já que há diferentes tipos de chocolates com características nutricionais variadas.

“O que se recomenda é que o consumo seja consciente e sem exagero, especialmente quando a escolha for pelo chocolate branco ou ao leite, já que estes costumam apresentar quantidades mais altas de gordura e açúcar de adição e menos compostos bioativos, que estão relacionados a benefícios específicos à saúde.”

Em uma pesquisa rápida, a nutricionista constatou que em um ovo de Páscoa de chocolate ao leite (300g) são encontrados 114g de açúcar de adição, ou seja, quase a quantidade total recomendada para uma semana inteira. Para se ter uma ideia, a recomendação diária de açúcares simples para um adulto saudável é de, no máximo, 10% em relação ao total de calorias consumidas. Por exemplo, se uma pessoa consome 2 mil quilocalorias ao dia, o indicado é comer, no máximo, 20 gramas do chamado “açúcar de adição”.

“Vale lembrar que, ao comer um chocolate, esse item fará parte de um dia de alimentação, ou seja, não será a única fonte de açúcares simples e gordura”, afirma Gabriela. “Isso vale, principalmente, se o consumo do indivíduo for baseado em produtos ultraprocessados.”

Como acostumar o paladar ao chocolate meio-amargo

Por mais que o chocolate ao leite seja o favorito dos brasileiros informação que consta do levantamento da Abicab, o meio-amargo é uma ótima opção, quando se trata de qualidade nutricional. Porém, o produto, pela quantidade reduzida de açúcar, não agrada a todos.

“O paladar do ser humano é totalmente adaptável. Para que uma pessoa se acostume ao chocolate meio-amargo, ela não deve apenas focar a mudança no tipo de chocolate, mas precisa mudar de forma gradual o seu consumo global de açúcar. Isso pode ser feito em ações diárias, como por exemplo, reduzindo o açúcar adicionado no cafezinho e no suco ou a quantidade de achocolatado colocada no leite, bem como diminuindo o consumo de produtos ultraprocessados de sabor doce, como os refrigerantes em geral”, explica a nutricionista.

Gabriela ressalta que os chocolates amargos e meio-amargos têm maior porcentagem de massa de cacau, apresentando, assim, teores mais elevados de compostos fenólicos, responsáveis pelo sabor amargo do produto. A adaptação ao sabor também pode ser feita a partir da experimentação de chocolates com diferentes percentuais de cacau, escolhendo, inicialmente, versões com menores quantidades de cacau e evoluindo para opções com maiores teores.

É importante enfatizar que o período da Páscoa é curto e que o excesso de chocolate neste momento não será suficiente para causar, em uma pessoa saudável, os problemas citados acima. Por isso:

  • Evite consumir o ovo de chocolate de uma vez só. Procure fracioná-lo, assim, você tem chocolate para vários dias;
  • Não entre na moda do “ovo fit” se você não tem restrições alimentares. Aproveite a Páscoa e aprecie o seu chocolate, afinal, só temos essa data uma vez ao ano;
  • Nesta Páscoa, o melhor ovo de chocolate que você pode escolher é aquele que você gosta, o seu preferido!

“É de extrema relevância olhar para o chocolate como um alimento cheio de significados e não apenas como um produto que pode ofertar mais ou menos açúcar, gordura ou compostos bioativos. Ao consumir um chocolate podemos lembrar de momentos ou pessoas específicas e sentir emoções únicas com sua degustação”, finaliza Gabriela.

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