Filtro de Daltonismo

Chocolate inspira inovação tecnológica e novos negócios no CPS

Manejo de cacau é ponto de partida para ações que integram ciência, sustentabilidade, inovação e empreendedorismo na formação de alunos e professores

7 de julho de 2025 10:34 am Etec, Fatec, Projetos

Do cultivo do cacau à criação de soluções sustentáveis, projetos com chocolate inspirarm ensino técnico e superior no CPS l Foto: Freepick

Nesta segunda-feira (7), data em que é comemorado o Dia Mundial do Chocolate, projetos desenvolvidos por alunos e professores do Centro Paula Souza (CPS) mostram que o doce vai além do sabor. Na Escola Técnica Estadual (Etec) Padre José Nunes Dias, de Monte Aprazível, na Região de São José do Rio Preto, o cultivo de cacau começa a redesenhar o perfil agrícola local, enquanto na Baixada Santista, uma ex-aluna da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Praia Grande, transforma conhecimento técnico em chocolate funcional, sustentável e rentável.

Uma iniciativa liderada pelo professor Jarbas Costa, na Etec de Monte Aprazível, está plantando as bases para o surgimento de uma nova identidade agrícola e econômica, com o cacau como protagonista e o chocolate artesanal como destino final. Em parceria com a Fatec São José do Rio Preto e com o apoio técnico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada (Cati), o projeto aposta no cultivo consorciado de cacau, além de seringueira e banana, como alternativas viáveis e estratégicas para a região, historicamente dependente da produção de látex.

“O cacau surge como uma alternativa muito interessante de segunda renda dentro da mesma área. Ao contrário da seringueira, está muito valorizado no mercado internacional”, explica Jarbas, que também desenvolve um doutorado sobre o tema. As primeiras amêndoas colhidas no projeto começaram a ser analisadas neste ano. A expectativa é de que, em breve, seja possível produzir barras de chocolate com a assinatura da região.

O processo envolve alunos da Etec e da Fatec em todas as etapas: desde implantação do sistema de cultivo, até coleta, fermentação e análise das amêndoas. Pesquisas já estão em andamento, com foco na qualidade da fermentação e no rendimento por fruto. “Estamos fazendo estudos sobre a fermentação e a qualidade das amêndoas. Isso é o que vai nos levar à produção do chocolate artesanal. Estamos dando os primeiros passos com muita seriedade técnica”, diz.

Certificação de origem geográfica

Apesar de ainda estar na fase inicial de produção, o projeto já vislumbra o futuro. Uma barra de chocolate artesanal pode chegar a R$ 25, oferecendo alto valor agregado ao produtor rural. Além disso, estão em andamento estudos para viabilizar uma certificação de origem geográfica do cacau produzido na região, o que poderia consolidar Monte Aprazível e arredores como referência em qualidade.

Jarbas comenta, ainda, que alguns produtores da região já estão experimentando a produção de aguardente a partir do mel do cacau, subproduto gerado na fermentação das amêndoas, com valor de mercado. Também há iniciativas para usar a casca do fruto na alimentação animal, ampliando o aproveitamento e agregando valor em diferentes frentes.

Para o professor, o projeto é um exemplo claro de como ciência, educação e agricultura podem caminhar juntas. “Quando você planta cacau, além de produzir chocolate, está abrindo uma cadeia inteira de possibilidades: turismo rural, novos produtos, valorização da terra e fortalecimento da agricultura familiar”, resume.

Negócio surge nos corredores da faculdade

O gosto pela confeitaria sempre esteve presente na vida de Juliane Cândida de Oliveira, ex-aluna do curso de tecnologia em Processos Químicos, da Fatec Praia Grande. Desde cedo, a jovem preparava doces para a família, mas foi durante a faculdade que sua relação com os alimentos ganhou um novo significado e tornou-se a base de um empreendimento.

Em meio às aulas, Juliane começou a vender trufas para os colegas, contando com o apoio de professores e amigos. O boca a boca logo impulsionou as vendas e mostrou que havia potencial para transformar o talento em empreendimento. O divisor de águas veio com a participação em um concurso de startups da própria Fatec. A estudante desenvolveu uma trufa belga recheada com creme de bagaço de laranja, um ingrediente normalmente descartado, mas com alto valor nutricional. 

Motivada pela experiência, Juliane participou, também, de um projeto interdisciplinar que explorava o processamento de cacau em pequena escala. A partir do fruto seco e triturado, a jovem criou um chocolate sem adição de açúcar, combinando pequenos pedaços das sementes de cacau (nibs) com farinha de berinjela. O resultado foi um produto funcional, rico em flavonoides e antioxidantes, com benefícios como o fortalecimento do sistema imunológico, melhora do trânsito intestinal e auxílio no controle do colesterol.

Depois disso, o chocolate tornou-se definitivamente o negócio de Juliane. Hoje, a empreendedora atua com delivery próprio, aplicativos de entrega e presença em eventos por meio de um carrinho gourmet, sua chocolateria móvel. “É gratificante ver como algo que começou com trufas vendidas nos corredores da faculdade se transformou em um negócio com propósito e identidade”, afirma.

Compartilhe


Veja também