Ao lado de estudantes e professores da FAU-USP e Escola da Cidade, estudantes da Etec Itaquera II foram convidados a trabalhar na adequação de projeto exibido na Japan House
Interior da Paper Log House: experiência internacional para cinco estudantes da Etec Itaquera II | Foto: Thiago Minoru
Quem passa pela Avenida Paulista, na Capital, pode observar uma pequena e inusitada construção, feita com tubos de papel, apoiada sobre engradados de refrigerante. Trata-se de uma criação de Shigeru Ban, arquiteto japonês vencedor do Prêmio Pritzker, um dos mais importantes da arquitetura mundial.
Intitulada Paper Log House, a obra instalada junto à Japan House, instituição cultural que sedia a mostra, foi adaptada no Brasil por meio de uma atividade de extensão promovida pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), Escola da Cidade e Escola Técnica Estadual (Etec) Itaquera II, da Capital, única instituição de Ensino Médio envolvida no projeto.
No fim de 2024, o professor da FAU, Luís Antonio Jorge, encarregado de coordenar o projeto no País, destacou alunos para fazer a compatibilização da obra em solo brasileiro. Coube a Luan Vinícius Fernandes, professor da Etec Itaquera II, formado pela USP, com mestrado em curso na Escola da Cidade, convidar os estudantes da terceira série do Ensino Médio integrado ao Técnico em Edificações para compor a equipe. Gabriel Jahnke Santana, Jonas Ardel, Gabrielly Vitória Bezerra, Anna Clara Ramalho Leite e Fernando Teixeira Florêncio integraram o grupo.
Precisão milimétrica
Assim, estudantes da FAU e da Etec estabeleceram um contato constante com escritório Shigeru Ban Architects, no Japão, na primeira etapa do planejamento, que faria adaptações de materiais brasileiros empregados da casa. “A precisão devia ser milimétrica. Não havia margem para erros”, explica Luan. Poucas vezes se fez uso do idioma inglês durante as reuniões online com o escritório. Intérpretes faziam a tradução português-japonês e japonês-inglês para evitar qualquer mal-entendido ou palavra menos exata. “Essa medida facilitou as tomadas de decisão”, avalia o professor. “Foi como se estivéssemos desenhando em conjunto”.
Arquitetura humanitária
A ideia de utilizar componentes alternativos é coerente com o conceito da Paper Log House, criada em 1995, quando um terremoto de grande magnitude destruiu a cidade japonesa de Kobe. A construção devia atender às regiões de calamidade ou abrigar refugiados. Por isso, o emprego de papel e madeira, materiais facilmente encontrados na maior parte das regiões do planeta. Erguida com tubos de papelão e madeira, a Paper Log House é uma réplica das casas construídas em Kobe e evidencia a propensão de Shigeru Ban em pensar a arquitetura em termos humanitários.
“Foi uma troca cultural importante para os estudantes”, acredita Luan. “Eles mantiveram contato com um escritório internacional e conheceram a FAU, na Cidade Universitária, onde as reuniões ocorreram”. O professor aproveitou para contextualizar a arquitetura de Vilanova Artigas, responsável pelo prédio da FAU e nome importante do modernismo brasileiro. Agora ele pretende continuar o projeto com os jovens, propondo a concepção de móveis para a Paper Log House.
Pritzker
Nascido em 1957, Shigeru Ban recebeu o Prêmio Pritzker em 2014. O Japão é o país que mais tem laureados pelo prêmio. Em 2024, ao recebê-lo, Riken Yamamoto se tornou o nono arquiteto japonês detentor de um Pritzker. Os Estados Unidos estão na segunda colocação, com cinco arquitetos premiados. No Brasil, foram agraciados Oscar Niemeyer (1988) e Paulo Mendes da Rocha (2006).
Serviço
Paper Log House
Local: Japan House São Paulo
Endereço: Avenida Paulista, 52
Data: até 4 de maio
Horário: De terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas; sábados, domingos e feriados, das 10 às 19 horas.
Entrada gratuita
Veja fotos da exposição:
Crédito das imagens: Thiago Minoru