Batizado de Illis, que significa “por elas”, em latim, jogo utiliza conceito de realidade aumentada, em que o cenário interage com as páginas de um livro que também será produzido pelos alunos
Jogo em realidade aumentada pretende conscientizar sobre a violência contra as mulheres | Foto: Reprodução
Imagine personagens de um livro saindo da ficção para atuar na vida real, ou melhor, na vida “virtual”, ajudando a combater a violência contra as mulheres. Essa é a ideia de dois alunos do curso superior tecnológico de Jogos Digitais da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Carapicuíba que decidiram criar um game em realidade aumentada para despertar nos jovens a consciência sobre a necessidade de enfrentar o triste desafio social.
Batizado de Illis, que significa “por elas”, em latim, o jogo idealizado pelos estudantes Tayla Caroline Dantas e Mario Henrique Silva foi apresentado no final de 2019 como trabalho de conclusão de semestre na faculdade. Tayla conta que a proposta surgiu como uma forma de expressar o descontentamento dos alunos diante da escalada da violência. “Presenciamos casos de agressões envolvendo mulheres conhecidas. Essas situações nos incomodavam, então resolvemos agir utilizando a ferramenta que trabalhamos no nosso dia a dia: a tecnologia”.
Realidade aumentada
O game está sendo produzido dentro do conceito de realidade aumentada, em que o cenário interage com objetos da vida real por meio da câmera do celular. A trama envolve a história de duas personagens, Marie e John, protagonistas do livro Queimem as Bruxas. A obra também é redigida pelos estudantes.
“A dupla sai do livro e percebe que após séculos de caça às bruxas, as mulheres ainda continuam sendo perseguidas sem nenhum motivo. A partir daí, o casal passa a fazer parte do jogo e precisa avançar pelos cenários salvando as vítimas de ataques dos inimigos”, afirma. Tayla explica que cada página do livro corresponde a uma aventura diferente. “A pessoa joga com a câmera do celular apontada para o livro. Ao virar a folha, o cenário muda junto”.
Segundo a jovem, os inimigos terão formato de monstros com o objetivo de fazer um paralelo com a monstruosidade dos autores de feminicídio. “Utilizamos a linguagem figurada para chamar a atenção das pessoas para que possam intervir e denunciar os crimes”, diz.
De acordo com os autores, o app deverá estar disponível para Android ainda neste ano e o livro também poderá ser baixado gratuitamente na internet.