Aluno da Fatec Campinas cria processo para geração de álcalis

Pesquisa busca solução econômica e sustentável para produção do composto químico de produtos como cloro e soda cáustica; projeto já foi exposto a representantes da indústria carbonífera

14 de maio de 2018 1:00 pm Fatec, Institucional

Antonio Sforza (camisa social preta) recebeu apoio de entidades ligadas à exploração de carvão mineral | Foto: Divulgação

Uma pesquisa elaborada por um estudante da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Campinas pretende oferecer uma solução mais econômica e sustentável para a produção de álcalis, composto químico utilizado em uma série de produtos como soda cáustica, água sanitária, vidro, detergente, sabão, papel, celulose, barrilha de piscina, entre outros. A proposta do aluno Antonio Sforza, do curso superior tecnológico de Processos Químicos, substitui o atual processamento eletrolítico, que consome uma grande quantidade de energia elétrica, pela termoquímica, aproveitando o calor da combustão do carvão mineral.

De acordo com o autor, a ideia de utilizar o carvão é uma maneira de valorizar a produção do minério nacional, que, devido às suas condições naturais, demanda alto custo de tratamento por ser poluente. “O projeto elimina a necessidade do beneficiamento, pois as impurezas presentes no minério bruto seriam recuperadas após a combustão e transformadas novamente em reagentes para o próprio processo, em um sistema 100% ecológico”, explica.

Na produção de álcalis por meio da eletrólise, uma corrente elétrica de alta intensidade é aplicada na matéria-prima, formada basicamente por um composto iônico de água e sal (salmoura). Já no processo termoquímico, o mesmo resultado é obtido com reações químicas e transformações provenientes da transferência de calor.

O processo modificado possibilita a produção de ácido clorídrico (HCl), gás cloro (Cl2), óxido de cálcio (CaO), hidróxido de sódio (NaOH), carbonato de sódio (Na2CO3), lixívia e hipoclorito de sódio (NaClO). “Atualmente o Brasil precisa importar carbonato de sódio, um reagente que responde por 14% da composição média do vidro. Com a difusão do processamento termoquímico será possível baratear custos e gerar novas possibilidades para variados segmentos da economia”, afirma Antonio.

Parceria

O projeto foi apresentado no Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) e na Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (SATC), na cidade de Criciúma, na região do vale do Rio Tubarão, onde concentram-se grandes produtores do minério no Brasil. O encontro, realizado em fevereiro, contou com a participação do presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan, do coordenador do Centro Tecnológico da SATC, Luciano Dagostim Bilessimo, do assessor técnico do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (SIECESC), Márcio Zanuz, e da engenheira química Giovana Dalpont.

Eles assinaram um contrato de sigilo e proteção de direitos autorais para realização de ensaios em laboratório, com o objetivo de fundamentar a proposta em busca de recursos para criação de uma planta-piloto. “A partir daí, será possível aplicar o processo em pequena escala e trabalhar para que o modelo seja expandido e possa trazer novos avanços tecnológicos no setor”, destaca o aluno.

Para a coordenadora do curso superior tecnológico de Processos Químicos da Fatec Campinas, Fabiana Cristina Andrade Corbi, o projeto tem potencial para se tornar uma referência internacional. “O cloro e a soda cáustica são fabricados em células eletroquímicas e estão entre as operações industriais com maior consumo de energia no mundo. Uma alternativa neste processo poderá representar um novo marco em prol da sustentabilidade no planeta”, ressalta.

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