Aluna de Fatec ajuda a disseminar a cultura da compostagem

Em Santa Bárbara D’Oeste, a estudante recolhe resíduo orgânico, transforma em adubo e devolve às pessoas frutas e hortaliças produzidas no sítio de sua família

28 de julho de 2022 4:49 pm Fatec

Viviane Guimarães exibe os recipientes destinados à coleta de resíduos para compostagem | Foto: Divulgação

“Não é lixo, é resíduo orgânico”. A frase se tornou um mantra na vida da estudante Viviane Guimarães, aluna do curso de Agronegócio da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Itapetininga. A estudante, moradora de Santa Bárbara D’Oeste, sempre fez sua compostagem doméstica, mas começou a ampliar a coleta: no escritório de contabilidade onde era funcionária, passou a reunir e levar para casa toda a borra de café produzida na jornada de trabalho. Em seguida, estendeu à família e à vizinhança o que já começava a se delinear como um projeto, com a ajuda do pai, do marido e até dos sobrinhos, de 10 e 13 anos, que fazem questão de ajudar, levando de bicicleta os potes para coleta de resíduos entre os vizinhos.

“Consegui recipientes de plástico com o dono de uma gelateria e comecei a entregá-los para as pessoas. Uma semana depois, voltava para buscar o pote cheio de resíduo para compostagem”, conta. O início foi difícil, ninguém entendia que os resíduos tinham um valor e que não deveriam ser descartados. O mantra era repetido a cada casa visitada, seguido de uma explicação sobre o processo de compostagem. Os vizinhos que abraçaram o projeto ganharam limões, rabanetes, um pé de alface, erva cidreira para fazer chá. Diante dos primeiros presentes, respondiam com um “por quê?” surpreso. E Viviane concluía assim a aula sobre a importância de reservar cascas de banana, cebola, raspas de cenoura e tudo o que podia se tornar adubo para a plantação. O “lixo” tinha contribuído para que uma bela fruta ou verdura nascesse.

No sítio da família, o conteúdo dos recipientes é trabalhado em leiras e transformado em adubo, que Viviane usa na plantação de frutas e hortaliças. Parte desse material ela distribui entre feirantes da região, que recebem de graça o fertilizante, acompanhado de uma aula sobre como produzir adubo orgânico.

O passo seguinte: ensinar as crianças

Ainda era pouco. A estudante procurou as escolas de Ensino Fundamental, certa de que a educação ambiental pode resultar em uma cultura do reaproveitamento. E isso tem que começar cedo. Em uma dessas iniciativas junto aos pequenos, ela foi um pouco além na explicação prática do ciclo da natureza.  As crianças aprenderam a fazer pequenas composteiras em garrafas pet e, uma vez pronto o adubo, elas o depositaram na amoreira que cresce no terreno da escola. Tempos depois, Viviane colheu as amoras e as devolveu em forma de geleia. Era uma maneira de mostrar que nada surge já embalado nas gôndolas dos supermercados.

Nessa jornada, ela se demitiu do escritório onde trabalhava e contou com a ajuda dos docentes da Fatec, para onde deve voltar na próxima terça-feira (2) para cursar o segundo semestre. “Os meus professores são ótimos, me orientaram desde o início das aulas. Tenho aprendido muito com eles”, diz. Agora, a ideia é obter a certificação orgânica da pequena propriedade da família e tornar-se uma produtora de fertilizante. Um dos objetivos ela já alcançou: propagar a ideia, ainda que em pequena escala, de que parte do que é descartado em casa e no ambiente de trabalho não é lixo. Se eventualmente ela deixa de recolher o recipiente em determinada semana, recebe mensagens lamentando a sua falta: “tive que jogar fora o resíduo, que pena…”

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