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Três Etecs estão entre semifinalistas do programa ‘Solve for Tomorrow’

Trabalho criado por estudantes de São Bernardo do Campo, por exemplo, aposta em tecnologia e inclusão para melhorar a vida de pessoas com deficiência visual

28 de agosto de 2025 9:12 am Competições, Etec

À esquerda, o grupo que criou a L.I.R.A.; no centro, os alunos responsáveis pelo Proximus; à direita, jovens que criaram o Projeto-occhio. | Fotos: Divulgação

Projetos desenvolvidos por alunos de três Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) estão entre os 20 trabalhos mais bem pontuados e selecionados para a fase semifinal do programa Solve for Tomorrow Brasil, iniciativa global da Samsung, coordenada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Ao todo, escolas públicas de 13 estados do País participarão desta etapa. São Paulo terá três representantes, todas unidades geridas pelo Centro Paula Souza (CPS): Etec Coronel Fernando Febeliano da Costa, de Piracicaba; Etec Lauro Gomes, de São Bernardo do Campo; e Etec de Mauá.

Em sua 12ª edição, o prêmio incentiva estudantes do Ensino Médio de escolas públicas a desenvolver soluções para problemas reais da sociedade com base em ciência e tecnologia. Os projetos são avaliados quanto ao alinhamento com a abordagem STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), relevância científica ou tecnológica, viabilidade, investigação científica, colaboração, habilidades mobilizadas e criatividade. Na fase final, também serão considerados o potencial de transformação social e a aplicabilidade do protótipo. Os vencedores serão anunciados no dia 2 de dezembro.

Em comum, os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes das Etecs buscam ajudar a população de suas cidades em problemas do dia a dia, incluindo iniciativas voltadas à acessibilidade de pessoas com deficiência visual, reciclagem e a criação de dispositivo para monitorar idosos e notificar serviços de saúde em casos de emergência. Confira abaixo as propostas dos três trabalhos selecionados para a semifinal do ‘Solve for Tomorrow Brasil‘:

Óculos inteligente

Desenvolvido por estudantes do 3º ano do Ensino Médio integrado ao Técnico em Desenvolvimento de Sistemas da Etec Lauro Gomes, de São Bernardo, o Projeto-occhio consiste em um par de óculos inteligentes voltado para pessoas com deficiência visual. Equipado com câmeras e recursos de inteligência artificial, o dispositivo faz a análise, em tempo real, do ambiente ao redor do usuário, possibilitando o reconhecimento de rostos, objetos e outras informações por meio de áudio gerado pelo equipamento.

Segundo o aluno Gabriel da Silva Passos, um dos membros do grupo autor do projeto, a ideia central do trabalho é garantir que pessoas com deficiência visual tenham mais independência e qualidade de vida. “O objetivo é que os óculos assegurem não apenas acessibilidade, mas também autonomia para esses indivíduos”, explica. “O Projeto-occhio permitirá que muitas pessoas com deficiência realizem tarefas do dia a dia sem depender de ninguém”, complementa a estudante Manuela Jaques de Almeida.

Ao todo, nove estudantes integram o grupo responsável pelo desenvolvimento do projeto, todos com funções técnicas bem definidas. São eles: Arthur Augusto Cincerre (desenvolvedor, web e designer); Daniel Veras Ferreira (modelador 3D e líder do banco de dados); Davi Isidoro Costa (líder de prototipagem e modelagem 3D); Gabriel da Silva Passos (coordenador do projeto e responsável por hardware); Gabriel Yoshi Kuboyama (desenvolvedor de aplicativo e infraestrutura); João Pedro Mattos Arroio (responsável pelo desenvolvimento de inteligência artificial); Manuela Jaques de Almeida (coordenadora social e de acessibilidade); Matheus Rodrigues Lara (responsável pela documentação e gestão); e Murilo Souza Girotti (gerente, coordenador-geral e administrador de banco de dados).

Aperfeiçoamento da reciclagem

Melhorar a destinação de resíduos para a reciclagem, evitando o descarte irregular, é a base da Lixeira Inteligente de Reciclagem Autônoma (L.I.R.A.), trabalho idealizado pelos estudantes, Guilherme Henrique de Oliveira Novais, Kimberlyn Carolyny Santos Silva, Olívia de Araújo Candido, Pedro Miguel Silva Oliveira e Thaisa Silva Borborema, todos matriculados no 2º ano do Ensino Médio integrado ao Técnico em Desenvolvimento de Sistemas da Etec de Mauá.

O trabalho foi projetado para automatizar a triagem primária de resíduos sólidos diretamente no ponto de descarte. Usando visão computacional, alimentada por um modelo de Inteligência Artificial (IA), o sistema identifica, classifica e segrega os materiais em armazenamentos específicos por meio de um atuador mecatrônico.

“Se uma só pessoa errar na coleta padrão, pode contaminar todo o lixo já separado, então buscamos simplificar o processo. Com a L.I.R.A. é possível jogar o lixo e toda a separação será automatizada, impedindo, assim, a contaminação pela imprudência humana”, explica Pedro Miguel, um dos integrantes do grupo.

Notificação de ocorrências

Sob orientação dos professores Marcos Anibal e Antônio Frederico, o projeto Proximus, desenvolvido por estudantes da Etec Coronel Fernando Febeliano da Costa, de Piracicaba, consiste num sistema inteligente capaz de identificar automaticamente situações críticas envolvendo idosos ou pessoas com mobilidade reduzida, como quedas ou desmaios. Ao detectar um evento anormal, o dispositivo envia uma notificação de alerta, em tempo real, para cuidadores, familiares ou profissionais de saúde previamente cadastrados, garantindo mais rapidez no socorro dessas pessoas, especialmente daquelas que moram sozinhas.

O estudante João Gustavo dos Santos Almeida, que integra o grupo, conta que a ideia surgiu após a turma identificar uma subnotificação de casos envolvendo ocorrências domésticas com pessoas em situação de vulnerabilidade. “Minha própria avó caiu na casa dela e ninguém ficou sabendo por dias. A ideia do nosso projeto é que, se ocorrerem casos assim, imediatamente, o dispositivo avise familiares ou serviços de saúde”, explica. Segundo o jovem, a ideia é que o dispositivo esteja acoplado a uma pulseira.

Além de João Gustavo, o grupo responsável por desenvolver o projeto Proximus é formado pelos estudantes Akyles Scatina, Giovana Cristina Müller Longo, João Gustavo dos Santos Almeida, Rafael Fernando Garcia e Rebeka Duarte da Silva.












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