Eles amam apresentar projetos, conhecer os trabalhos dos colegas e ouvir feedbacks de professores; clima de troca de conhecimentos entusiasma estudantes
Pedro Henrique, Sophia e Leonardo, da Etec de Taboão da Serra: nerds de carteirinha | Foto: Roberto Sungi
Como na série de televisão The Big Bang Theory, eles se divertem com coisas para as quais muita gente torce o nariz: fazer experimentos científicos, testar hipóteses, trocar conhecimentos. Passam horas em pé apresentando seus projetos ou conhecendo os trabalhos de colegas, sem que isso pareça cansativo. Eles são os “ratos” de feiras científicas e também participaram da 16ª edição da Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps).
Qualquer um desses apaixonados por conhecimento é capaz de listar olimpíadas estudantis e eventos científicos nos quais estiveram. Mas, quando o assunto são hobbies, a resposta não vem tão fácil e é um pouco diferente do que se costuma ouvir de outros jovens. Marcio Gabriel Schinor Mazega, de 18 anos, é aluno da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Pompeia, onde estuda Tecnologias em Sistemas Inteligentes, e tem em sua lista de pendências para leitura Meditações, obra que contém reflexões do imperador romano Marco Aurélio. “Gosto de livros que fazem a gente se questionar.”
Estudante da Escola Técnica Estadual (Etec) Professora Maria Cristina Medeiros, de Ribeirão Pires, Vitor da Silva Lopes, de 18 anos, criou seu primeiro protótipo ainda no 9º ano do Ensino Fundamental. A ideia foi aperfeiçoada na Escola Técnica, com a inserção de recursos de Inteligência Artificial. Ele se considera nerd e até preocupa a mãe pelo fato de estar sempre estudando ou com os olhos no computador, programando. “Ainda não tenho o projeto, mas já tenho ideias para estar na Feteps em 2026.”
Sophia Lima, de 17 anos, estuda Desenvolvimento de Sistemas na Etec de Taboão da Serra e tem uma área de interesse curiosa: cosmobiologia. “Nerd de carteirinha” e candidata ao curso de Medicina, ela conta que lê também sobre Psicologia e Astronomia. É fã de Carl Sagan. Ao lado do namorado, Leonardo Afonso, de 17 anos, e do amigo Pedro Henrique Souza, de 18, expôs um projeto na Feteps. “Outros estudantes veem nosso trabalho e querem fazer melhor. Isso é muito legal nas feiras. Esse clima de esforço, de troca de conhecimento”, afirma.
Leonardo destaca que, graças aos feedbacks que recebem em feiras, o projeto deles está na quarta versão. As sugestões, diz, vêm principalmente de professores e avaliadores dos eventos. “Queremos que se transforme em um produto”, revela.
Compromissos
Outra característica que chama a atenção nos “ratos” de feiras científicas é a agenda, sempre lotada. Evellyn dos Santos Furtado, de 17 anos, cursa o Ensino Médio integrado ao Técnico em Informática para a Internet na Etec de Ribeirão Pires e é amiga de Vitor, com quem dividiu o estande na Feteps em 2024. “Nessas feiras, você entra de um jeito e sai de outro. Me descobri.” Assim que terminar a Feteps, durante o final de semana, Evellyn deve participar de um hackathon para caçar asteróides, o Nasa Space.
A agenda de Edson Jorge Carvalho, de 17 anos, aluno do Instituto Federal de Pernambuco, também participante da Feteps, está lotada para apresentações de seu projeto. “Quando este ano terminar, terei passado por todas as regiões do Brasil”, conta. Ele nunca havia participado desse tipo de evento até o começo de 2025. “Me arrisquei na Febrace (feira promovida pela USP) e fiquei viciado”, afirma, destacando que deve ao orientador de sua pesquisa o apoio para tantas viagens e apresentações. “Mas a Feteps foi a melhor das feiras, a mais bem organizada, superou minhas expectativas.”
Os apaixonados por ciência dão dicas para quem quer entrar nesse universo e já ir se preparando para a próxima edição da Feteps. “Pense em um problema que as pessoas ignoram e busque uma solução”, indica Sophia. “Dê o seu máximo e abrace aquilo que você fizer”, sugere Pedro Henrique. Segundo Evellyn, há um aspecto das feiras científicas que pode entusiasmar quem ainda não se decidiu a montar um belo projeto e participar. “Eventos assim mostram que existem pessoas que querem mudar o mundo.”