Nova edição do Índice Mozarela mostra aumento no abismo econômico em SP

Estudo da Fatec Sebrae, que utiliza pizza de muçarela como referência, aponta aumento médio de preços de 30% nas regiões mais pobres contra 16% nos bairros mais ricos da Capital

12 de março de 2024 9:04 am Fatec

Índice analisa 96 distritos da Capital, comparando preço da pizza de muçarela com renda média da região | Imagem: Divulgação

Professores da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Sebrae lançaram a terceira edição do Índice Mozarela, que acompanha as variações no poder de compra dos paulistanos. Com colaboração dos estudantes, os professores Rodolfo Ribeiro e Alexandre Homenko Neto mapearam o custo médio da tradicional pizza de muçarela em 96 distritos da Capital.

Na comparação com estudos anteriores, chama atenção a variação no preço médio da pizza nos distritos com população de renda mais baixa, onde o aumento chega a 30,35%. No primeiro Índice Mozarela, de 2022, a pizza mais barata da cidade era vendida no bairro do Capão Redondo a R$27,02 em média. Já em 2024, os bairros de Guaianases e José Bonifácio aparecem empatados com o preço médio de R$35,22.

No outro extremo da tabela, a pizza de muçarela mais cara em 2022 era vendida em Moema, a R$ 61,98. Depois de perder a liderança, em 2023, para o Jardim Paulista, Moema volta à ponta em 2024, com o preço médio de R$ 72,35. Uma variação de preço de apenas 16,73% na região com maior renda da cidade.

“Quem cobra mais barato teoricamente fica mais pressionado com aumento de custos de insumos. Não tem jeito: acaba repassando ao preço final”, explica o professor Rodolfo Ribeiro.

Valor da pizza x renda familiar

O Índice Mozarela compara o preço médio da pizza nos 96 distritos da cidade de São Paulo com a renda média das famílias nos mesmos distritos. O resultado aponta quais bairros pagam “barato” e “caro” no produto, não só em termos nominais como também em relação à renda do domicílio.

“Quanto maior o índice, pior o poder de compra de um distrito. Isso significa que a pizza em um distrito de Índice Mozarela alto consome mais da renda da família do que em um distrito com índice menor”, calcula.

Na conta proporcional, os extremos não são os mesmos da classificação apenas por renda e custo. Moema, aquela região da pizza mais cara, representa o 15º maior poder de compra em pizzas. Enquanto os distritos de pizza mais barata – Guaianases e José Bonifácio – estão nas posições 67º e 56º, em poder de compra.

Os três bairros com maior poder de compra, de acordo com o Índice Mozarela são Vila Sônia, Santo Amaro e Alto de Pinheiros, enquanto as três localidades com pior desempenho são Parelheiros, Perus e Marsilac.

“Outra forma de ver a diferença no poder de compra é fazendo uma conta simples: quantas pizzas cabem no orçamento familiar mensal? Enquanto um domicílio médio na Vila Sônia pode comprar 205 pizzas por mês, em Marsilac, a quantidade de pizzas seria bem menor: 70”, diz.

Distribuição das pizzarias

A definição de limite dos distritos foi feita a partir das coordenadas geográficas dos estabelecimentos, gerando um total de 3.086 pizzarias que tiveram seu preço coletado. A análise compreendeu a relação entre população do distrito e quantidade de amostras pesquisadas por distrito e a relação é bem forte entre os dados: áreas mais populosas têm mais pizzarias.

Dividindo o número de moradores pela quantidade de pizzarias, chegamos às três localidades com mais pizzarias por habitantes: Barra Funda, Belém e Cambuci. Entre os bairros com menos pizzaria por habitante estão José Bonifácio, Jardim Ângela e Vila Jacuí – todos com renda familiar abaixo da média da cidade. O Pari foi considerado exceção por ter cobertura de residências de apenas 7%.

Cruzando os dados de poder de compra e número de pizzarias, chegamos aos bairros mais atrativos para abertura de novos negócios – aqueles em que o valor da pizza é compatível com a renda da população, ou com menor concorrência de outras pizzarias.

A pesquisa dividiu os bairros em cinco grupos separados por letras: “A” para os distritos com maior poder de compra; “B” aqueles ainda com bom poder de compra, mas com grande concentração de pizzarias; “C” são os distritos com bom poder de compra e com menor concorrência; “D” os de menor poder de compra.

“Testamos a aderência dessa classificação com algumas redes de pizzarias que estão na cidade de São Paulo e descobrimos que todas apostam na expansão em bairros com maior poder de compra, mesmo que a concorrência seja grande”, conclui o professor.

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