Nas Etecs e Fatecs, estudantes mostram como conhecimentos adquiridos em aula podem ser usados para criar uma sociedade mais justa e igualitária
Natália (à esquerda) e Andressa, da Fatec Indaiatuba, usaram mineração de dados em sua pesquisa| Foto: Arquivo pessoal
A educação empodera as mulheres para participar de todos os setores da economia e em todos os níveis de atividade econômica. Nas Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais, estudantes colocam em prática o que aprendem em sala de aula desenvolvendo projetos e soluções para desafios que envolvem as mulheres.
Como autoras de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) ou participantes de competições escolares, alunas do Centro Paula Souza (CPS) mostram como conhecimentos podem ser usados para criar uma sociedade mais justa e igualitária. Neste Dia das Mulheres, a instituição apresenta algumas dessas iniciativas:
iVitrinas
Incentivar o empreendedorismo feminino, proporcionar visibilidade e apoio a mulheres que desenvolvem os próprios negócios e fomentar a igualdade de gênero no mercado de trabalho. Esses foram alguns dos fatores que influenciaram estudantes da Fatec Taubaté a criar o iVitrinas, aplicativo desenvolvido para que o público feminino possa divulgar, fazer buscas de produtos e serviços e ter acesso a conteúdo sobre empreendedorismo e mercado de trabalho.
Outra importante funcionalidade do iVitrinas é a possibilidade de os clientes realizarem doações em dinheiro para alavancar negócios expostos no app. “Além de estimular mulheres a darem o primeiro passo rumo à criação da própria empresa, nosso objetivo é formar uma rede onde as empreendedoras possam estabelecer contatos que as fortaleçam profissional e pessoalmente”, afirma a co-CEO e idealizadora do projeto, Natalha Roberto.
Conecta Woman
Um dos projetos vencedores da edição de 2021 da Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), o Conecta Woman é um provador virtual de lingeries capaz de proporcionar uma experiência de empoderamento feminino. A ideia é que a compradora entre na plataforma e, com seu avatar, escolha as peças. Enquanto isso, elogios e frases inspiradoras aparecem na tela.
A proposta é da empreendedora Graziela Barbosa Rodrigues, aluna do curso de Gestão Comercial da Fatec Itaquaquecetuba. Corajosa, ela iniciou um e-commerce de venda de lingeries em meio à pandemia e diz que os negócios da Abelha e Mel Moda Íntima vão bem, obrigada.
Violência contra a mulher
As notícias frequentes com relatos sobre violência contra a mulher despertaram nas alunas Andressa de Souza Santiago e Natália Fiori dos Santos, da Fatec Indaiatuba, o interesse em trabalhar em algo que contribuísse para o debate sobre políticas de proteção. Estudantes do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), elas coletaram dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que reúne as comunicações feitas ao Sistema Único de Saúde (SUS), e trabalharam com mineração de dados.
Embora tenham percebido que o Sinan reúna planilhas cheias de células em branco, as jovens conseguiram chegar a algumas conclusões. O levantamento refere-se a todo o Estado de São Paulo, entre 2013 e 2017, e mostrou um grande número de agressões cometidas por cônjuges ou ex-cônjuges, mas também muitas lesões “autoprovocadas”. Vários casos ocorreram durante feriados ou em dias próximos, o que pode estar relacionado ao consumo de álcool e drogas. Além disso, predomina o número de mulheres brancas reportando casos de violência.
Andressa e Natália, que foram orientadas pela professora Maria das Graças Tomazela, já concluíram o curso, mas querem dar seguimento à pesquisa de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Elas pretendem iniciar uma pós-graduação em Ciência de Dados e, quem sabe, transformar esse levantamento em ações que protejam as mulheres contra a violência.
Para Elas
Uma ferramenta que incentiva, prepara e auxilia mulheres que desejam entrar ou se recolocar no mercado de trabalho. Essa é a proposta do aplicativo Para Elas. O projeto foi desenvolvido por um grupo de estudantes da Etec Professora Marinês Teodoro de Freitas Almeida, de Novo Horizonte, e conquistou a segunda colocação na quarta edição do Hackathon Acadêmico, da Robótica Paula Souza.
O app tem ferramentas de elaboração de currículos, consultoria de imagem, comportamento para entrevistas e apoio psicológico. Também conecta as usuárias a cursos gratuitos de qualificação, lives relacionadas ao mercado e ainda faz a ponte com empresas parceiras que tenham vagas disponíveis. Outra funcionalidade proposta é que o app seja usado para coleta de doações para quem precisa de ajuda. “Queremos que as mulheres encontrem suporte para passar por toda essa experiência em busca de autonomia e independência financeira”, conta a representante do grupo, Gabrieli Vidal.