Um pai que é professor de filhos gêmeos, uma diretora que é chefe do pai (que já foi diretor) e pai e filho que são colegas de sala; conheça histórias divertidas e comoventes registradas no CPS
Marcos Hamilton dos Santos entre os filhos Miguel (esq.) e Bento: pai dentro e fora da sala de aula | Imagem: Reprodução
O papel de um pai na vida dos filhos vai muito além do provimento material. A figura paterna permeia a construção de valores entre os quais a educação que vai garantir a eles um futuro próspero. Em um universo tão enriquecedor como as Escolas Técnicas (Etecs) e as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais do Centro Paula Souza (CPS), são milhares os exemplos de pais que se envolvem ativamente na formação dos filhos, atestando sua dedicação, superação e compromisso.
Para comemorar o Dia dos Pais, selecionamos três histórias emocionantes e inspiradoras, que demonstram como a relação entre pais e filhos contribui para o desenvolvimento integral e para a preparação de cidadãos que pretendem transformar o mundo para melhor.
Meus filhos perguntaram como deviam me chamar: pai ou professor?
“Nasci em Telêmaco Borba, no Paraná. Dos meus 48 anos, moro há 40 na cidade de Quatá. Sou tecnólogo em Processamento de Dados, graduado em Engenharia da Computação e fiz MBA em redes Windows. Além do mundo da informática, abracei a carreira de professor com muito entusiasmo. Minhas primeiras aulas na Etec Luiz César Couto foram no ano de 2017. Tive outros empregos e voltei à Etec em 2023, onde trabalho até hoje, lecionando aplicativos informatizados.
Em Quatá, fiz minha vida. Me casei e tive três filhos. Uma menina de 21 anos, Maria Flávia, que fez curso técnico em Química. E dois gêmeos, Miguel Henrique e Bento Hamilton, de 16 anos, que fazem o Ensino Médio integrado ao Técnico em Química. Como não poderia deixar de ser, eles prestaram o Vestibulinho para a Etec de Quatá. A escolha dos meninos foi fácil: a escola tem uma excelente qualidade de ensino, os amigos deles também queriam ir para a Etec, minha esposa e eu gostaríamos que eles estudassem lá.
Foi uma alegria quando os dois foram aprovados. Porém, quando começaram as aulas, tivemos que lidar com uma situação inusitada. Eu seria professor deles na disciplina de aplicativos. E aí? Eles me perguntaram: como vamos te chamar? De pai ou de professor? Combinamos que na aula me chamariam de professor, pois era esse meu papel lá. Eles cumpriram o trato direitinho. Mas os colegas… não teve jeito… com frequência, se referiam a mim como ‘ô, pai do Miguel’, ‘ô, pai do Bento’!”
Eu fui dirigir a Etec que as pessoas chamavam de “a escola do Paulo Ney”, que é meu pai!
“Ele se chama Paulo Ney Jansen Branco e tem 79 anos. Nascido em Fordlândia, cidade do Pará construída por Henry Ford, no início do século 20, fez curso técnico em Agropecuária e licenciatura em Ciências Agrícolas, no Rio de Janeiro. Aos 24 anos, seu primeiro emprego foi como diretor de uma escola estadual agrícola que se tornaria a Etec de Rancharia. Essa é a escola das nossas vidas. Foi por causa dela que eu nasci, em 1979. Minha mãe morava na esquina da escola.
Quando me formei em Letras, em 2001, trabalhei em várias funções como educadora. Fui coordenadora de curso, coordenadora pedagógica, dei aulas. Até que, no ano passado, surgiu a oportunidade de me candidatar ao cargo de diretora da Etec. Não foi uma decisão fácil, a responsabilidade era muito grande. Não pelo trabalho, em si. Mas pelo que representava assumir o lugar que foi do meu pai por dois mandatos, de 1971 a 1975, e de 1998 a 2004.
Ao deixar a diretoria, ele continuou em outras funções no Centro Paula Souza. Atualmente é professor de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso M-Tec em Agropecuária na Etec. Ou seja, desde o início deste ano eu sou ‘chefe’ dele… mas é ele quem continua a me ensinar as coisas. Tenho enorme admiração pelo trabalho que ele fez. Fechou grandes parcerias, implantou projetos inovadores, modernizou a gestão. E eu procuro seguir esses passos.
Em casa, só se fala de educação. Meu marido e minha mãe às vezes até reclamam… mas não tem jeito. Meu filho mais velho, de 12 anos, já está pensando em estudar na Etec!”
Meu filho e eu somos colegas de classe. E ainda seremos sócios
“Se tudo der certo, meu filho e eu, que somos hoje colegas de classe, seremos também sócios em um negócio na área de turismo. Essa história começou quando Lucas, de 18 anos, decidiu fazer o curso superior de tecnologia em Gestão de Turismo. Ele me propôs que prestássemos o Vestibular juntos e eu topei na hora, apesar de já estar com 56 anos, longe dos bancos escolares há mais de 20, e de ser pai de mais dois filhos, de 30 e 19 anos.
Sou formado em Processamento de Dados, com MBA na área empresarial. Trabalho atualmente como analista de sistemas em uma empresa em Alphaville, na Grande São Paulo, estou começando um pequeno negócio no setor de alimentos e meu sonho é fazer algo voltado a pessoas com deficiência no campo de turismo. Por experiência própria, constatei que os hotéis, no Brasil, não estão preparados para esse público. Há muito que explorar nesse ramo. E vou fazer isso com meu filho.
Coragem e garra não me faltam. Lucas e eu, além do curso na Fatec, encaramos mais um desafio: vamos começar juntos, agora no segundo semestre deste ano, um curso a distância de Guia de Turismo. Nós dois somos bons alunos. Ele, mais que eu, só tira nota 10. É um garoto muito inteligente, gosta de história, geografia. Nem estudamos muito, só prestamos muita atenção às aulas. A gente assiste a vários filmes de mochileiros, viagens… acho que ele vai se dar bem no turismo. Ele diz que aprendeu muito comigo. Mas, de verdade, eu é que aprendo muito com ele!”
Conheça mais detalhes dessas histórias no canal do CPS no YouTube e nos perfis no Instagram e no TikTok.