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Estudante supera barreiras com suporte oferecido pela Fatec Ipiranga

No curso de Eventos, aluno com mobilidade reduzida encontra acolhimento e estímulo para desenvolver habilidades, além de ampliar oportunidades acadêmicas

9 de junho de 2025 8:01 am Esportes, Fatec

Levi Castro afirma que a Fatec Ipiranga foi o primeiro lugar onde realmente sentiu-se acolhido para estudar l Foto: Divulgação

Por trás de cada trajetória acadêmica, há uma história de superação, aprendizados e conexões que vão muito além da sala de aula. Essa é a realidade de Levi Castro, 27 anos, estudante do quinto semestre do curso de Eventos da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Ipiranga – Pastor Enéas Tognini, da Capital. Homem negro, cadeirante e morador da zona leste de São Paulo, o jovem é um exemplo da diversidade e da luta por inclusão no Ensino Superior.

Antes de chegar à Fatec, Levi cursava licenciatura em Ciências da Natureza, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), até que um grave acidente de trânsito mudou o rumo da sua vida. “Tenho uma lesão medular cervical, sou tetraplégico com mobilidade nos membros superiores. Desde então, o acesso ao espaço universitário não tem sido fácil, ainda mais para quem é negro e tem deficiência”, conta. Dados do IBGE mostram que só 0,6% das vagas no Ensino Superior são ocupadas por pessoas negras com deficiência. “A Fatec é o primeiro lugar onde realmente me senti acolhido.”

A acessibilidade física é um desafio no caminho até a faculdade. A rua do campus conta com uma ladeira bastante inclinada, mas a postura da equipe e dos colegas fazem a diferença para Levi. “Desde o começo, recebo o melhor suporte possível, principalmente para vencer as barreiras atitudinais. A Fatec Ipiranga garante adaptações, como espaço reservado para minha cadeira e apoio em sala para que eu possa acompanhar as aulas confortavelmente.”

O coordenador do curso de Eventos, professor Marcos Júlio, reforça esse compromisso com a inclusão: “O Levi participa ativamente das aulas e dos projetos, trazendo à tona temas importantes relacionados à sua vivência. Nosso curso é diverso, com estudantes de todas as idades e perfis. Isso cria um ambiente de respeito e aprendizado mútuo. Fazemos adaptações físicas e pedagógicas para que ele tenha toda a condição de acompanhar o conteúdo e se sentir parte da turma.”

A aluna Lorena Carvalho, colega de Levi, reforça essa percepção: “Ele é uma pessoa muito articulada, que defende seus direitos e os interesses de outras pessoas na mesma condição. Mesmo enfrentando as dificuldades da mobilidade urbana, está sempre presente e participativo. Levi é calmo, mas firme nas suas convicções. É um exemplo para a turma.”

Esporte paralímpico

Além da vida acadêmica, Levi brilha no esporte paralímpico. Ele é atleta de rugby em cadeira de rodas. O jovem já conquistou títulos importantes, como a medalha de ouro na sexta edição da Copa Bebedouro, disputada em maio, na Etec Prof. Idio Zucchi. “Ser campeão exige muita resistência, não só física, mas contra as barreiras que a sociedade impõe. O esporte é fundamental para minha reabilitação e para ampliar as possibilidades de inclusão”, explica.

O percurso de Levi na Fatec é um exemplo de como garantir que todos tenham voz e espaço. Segundo o professor Marcos, a presença do Levi é um aprendizado para todos. “Ele mostra que, apesar das limitações impostas pelo mundo, com apoio e acessibilidade, todos podem conquistar seus sonhos. A Fatec está de portas abertas para acolher e formar profissionais capazes de atuar em um mercado cada vez mais diverso e inclusivo.”

No caminho de Levi, a luta por direitos, a determinação e a rede de apoio que encontrou na Fatec Ipiranga são uma inspiração para toda a comunidade acadêmica e um convite para repensar o Ensino Superior como espaço de integração e respeito às diferenças.

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