Ex-aluno da Etec é destaque em torneios internacionais de dança

Formado no curso técnico de Eventos, Roberto Rackin acredita que a passagem pela escola técnica contribuiu para que ele desenvolvesse competências como organização de tempo e harmonização de projetos

31 de maio de 2018 9:00 am Etec, Fatec

Em fevereiro, o bailarino ficou em primeiro lugar no Festival de Dança de Berlim, na modalidade de dança contemporânea |Foto: Divulgação

Roberto Rackin tem apenas 17 anos, mas sua história já rende bons capítulos. Mesmo tendo nascido com uma má formação no pé direito que o levou à mesa de cirurgia e tratamentos, tornou-se um exímio bailarino. Em fevereiro, superou os 36 competidores do Festival de Dança de Berlim, na Alemanha, e voltou ao Brasil com o prêmio. O jovem é recém-formado no curso técnico de Eventos integrado ao Ensino Médio da Escola Técnica Estadual (Etec) Profª Drª Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara, em Pirituba, na Capital, experiência à qual atribui aprendizados importantes nessa jornada de superação.

Com apenas nove meses de vida, Roberto não tinha estabilidade no pé e precisou fazer uma cirurgia para colocar dois pinos no tornozelo. Começou então um tratamento com a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e passou a utilizar uma bota ortopédica. Seu primeiro passo foi dado com aproximadamente 1 ano e 15 dias.

Aos oito anos, descobriu a dança em aulas no condomínio em que morava, na Freguesia do Ó, zona norte da Capital. Com a autorização da mãe e muito cuidado por causa das limitações no pé, deixou o balé entrar de vez em sua rotina. No mesmo ano, participou de seu primeiro festival de dança, levando seu grupo à vitória. Era a primeira medalha das muitas que ainda estariam por vir.

Sua paixão pela dança precisou ser interrompida por um tempo por causa da mudança da família para o bairro de Pirituba. Para não ficar parado, começou a fazer basquete, porém sentiu muita dor no pé direito. Foi ao médico e ouviu que poderia praticar esportes, mas nunca em nível de competição.

Em 2013, mudou de escola e foi o líder da turma em uma apresentação de dança. Uma professora de balé soube da ótima exibição e ofereceu uma bolsa integral para Rackin na Academia Paula Firette. Após retornar no ortopedista, soube que o balé ajudou a estruturar seu pé novamente. “Fiquei emocionado na frente do médico quando ele disse que estava tudo bem. Tudo começava a se encaixar de novo”, diz o bailarino.

Etec

Na adolescência, Roberto estudou na Etec de Pirituba. Ele credita à passagem pela escola a aquisição de importantes competências atitudinais. As atividades pedagógicas fortalecem o pensamento crítico para a análise de informações e tomada de decisões na vida real; valorizam o trabalho colaborativo, a proatividade e o comprometimento; reconhecem a construção de relações interpessoais como aspecto fundamental para o sucesso na vida profissional; e contribuem para que o aluno elabore um projeto de vida e de carreira.

Foi o pai do garoto que o apresentou ao curso de Eventos e às vantagens de fazer um curso técnico além do Ensino Médio. O jovem se inscreveu no Vestibulinho e foi aprovado. Sua rotina era pesada: de segunda a sexta-feira, tinha aulas na Etec, das 7h30 às 16 horas, e aulas de balé, das 17 às 22 horas. No final de semana, viajava para Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, como bailarino convidado de uma obra clássica. “Na Etec, aprendi muito a conciliar as coisas. Foi um período em que eu amadureci muito e soube administrar melhor o meu tempo”, afirma Rackin.

O bailarino pratica dança contemporânea e jazz há cinco anos e balé clássico há dois anos e meio. Ainda na Academia Paula Firetti, Roberto foi destaque nas aulas e convidado para realizar apresentações solo de balé contemporâneo em diversas cidades pelo Brasil.

Competições fora do Brasil

Em junho de 2017, foi selecionado para se apresentar na Valentina Kozlova International Ballet Competition, em Nova York, nos Estados Unidos. Ele ficou em terceiro lugar. Em fevereiro, viajou para a Alemanha para participar do Tanzolymp, Festival de Dança de Berlim. Ficou em primeiro na modalidade contemporânea.

“As viagens foram um choque de realidade. Foi difícil sair tão jovem do País sem a minha família. É complicado falar outra língua, pedir o café da manhã, comprar o almoço, me virar sozinho”, comenta. “Sobre o balé, pude ver como lá fora essa cultura é valorizada e respeitada. Tem um incentivo, uma equipe de nutricionistas, tudo por trás de um único bailarino.”

Futuro

O atual sonho de Rackin é fazer faculdade. Ainda está em dúvida entre Psicologia e Dança, mas a ideia é fazer os dois cursos.

“Quero também entrar no Balé da Cidade de São Paulo, mas, para isso, tenho que trabalhar duro, estudar meu corpo, estudar métodos. O mundo da dança exige. Precisamos ficar antenados, assim como no mercado de trabalho.”



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