Unidade da Capital vence pela terceira vez consecutiva Prêmio CRQ-IV; alunos de Etec e classe descentralizada do interior ganham medalhas de prata e bronze em olimpíada
Atrás, em pé: Lucas, Paulo e Vinícius; agachados, com o robô: Rafael e Luiz l Foto: Divulgação
Estudantes das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) administradas pelo Centro Paula Souza (CPS) mostram que são craques em química, ao se destacarem em competições na área. A Etec Irmã Agostina, localizada na zona sul da Capital, por exemplo, venceu pela terceira vez consecutiva o Prêmio CRQ-IV, organizado pelo Conselho Regional de Química (CRQ) da Quarta Região desde 1998.
Paulo Sergio de Souza Santos, Rafael Carvalho Souza e Vinícius Bellini Batistelli, ex-alunos do curso técnico em Química da escola, venceram a categoria Nível Médio com o projeto Titulador automático controlado por Arduino. Orientado pelos professores Fábio Rizzo de Aguiar e Thais Taciano dos Santos, trata-se de um robô capaz de realizar automaticamente uma das análises químicas mais praticadas em laboratórios, chamada titulação ou volumetria.
O projeto foi apresentado como trabalho de conclusão de curso (TCC) no ano passado. Ainda participaram do desenvolvimento outros dois alunos do curso, Lucas da Conceição Ferreira e Luíz Fernando Almeida Silva, que não foram inscritos na competição, que só permitia três integrantes por grupo.
“O contexto no qual esse projeto foi criado me emociona até hoje”, relata o orientador. “Um dos alunos do curso tinha uma limitação de movimentos bastante severa na mão esquerda, além de ser daltônico. E a técnica de titulação exige do analista uma habilidade manual muito precisa para operação do equipamento e uma visão apurada para determinar a cor da solução. Olhando para as dificuldades que o colega enfrentava, eles decidiram construir esse aparelho.”
Os estudantes receberam um certificado e prêmio em dinheiro no valor de R$ 10 mil. Os orientadores ganharam R$ 4 mil. A cerimônia de premiação foi realizada na noite da última sexta-feira (16), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Além da Etec Irmã Agostina, que venceu em 2023, 2022 e 2020 (em 2021 a competição foi suspensa por causa da pandemia), outras unidades do CPS se destacaram no Prêmio CRQ-IV ao longo dos anos. A Etec Prof. Carmelino Corrêa Junior, de Franca, também foi a ganhadora em três edições (2014, 2015 e 2017). A Etec Getúlio Vargas, da Capital, conquistou o prêmio em duas ocasiões (2011 e 2019). As Etecs Dr. Adail Nunes da Silva, de Taquaritinga (2013), e Júlio de Mesquita, de Santo André (2012), venceram uma vez cada.
Na categoria Nível Superior com Tecnologia, a Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Jaboticabal, localizada na Região de Ribeirão Preto, foi premiada duas vezes, em 2014 e 2016.
Olimpíada
Outra competição na qual os etecanos se destacaram foi a Olimpíada de Química do Estado de São Paulo (OQSP), realizada pela Associação Brasileira de Química (ABQ). Ao todo, 302 jovens fizeram a prova da fase final, aplicada na primeira semana de junho, no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). O tema desta edição foi “Vidros: da química básica às aplicações tecnológicas.”
O concurso premiou os estudantes divididos entre duas categorias: terceiro ano e demais séries do Ensino Médio. Gabriel Bombo Pierotti, aluno do segundo ano do curso técnico em Química integrado ao Ensino Médio da Etec Trajano Camargo, de Limeira, conquistou medalha de prata.
“Muitas perguntas eram sobre temas que a gente vê bastante em matérias do técnico. Algumas questões, inclusive, tinham o mesmo formato das que a gente tem que fazer nas nossas aulas. Então, acho que o técnico ajudou muito”, avalia Gabriel.
Aluna do terceiro ano do mesmo curso na Etec Irmã Agostina, Gisle de Oliveira Alves ficou com medalha de bronze. “A prova foi relativamente difícil, pois tinha questões muito específicas. No entanto, vários dos conteúdos abordados eu tive contato prévio no curso de química.”
Entre os diversos critérios de classificação para se chegar à fase final da competição, foram selecionados 40 estudantes com melhor desempenho no Vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) como “treineiros” nas carreiras de Exatas ou Biológicas. Gabriel e Gisle se classificaram por essa via.
Ambos, junto com suas orientadoras, as professoras Jéssica Macedo e Thais dos Santos, também receberam um prêmio de R$ 600 cada como destaque entre as escolas públicas.
Outro medalhista de bronze foi Franklin Bittencourt dos Santos, que também cursa Química integrado ao Ensino Médio, mas na Etec Tiquatira, localizada na zona leste da Capital. Diferente dos outros dois colegas, ele se classificou para a OQSP por meio de uma redação acerca do tema proposto pela competição. Foram 150 textos selecionados. “Franklin é um muito esforçado, dedicado aos estudos e prestativo com os colegas”, elogia o professor de química e orientador do aluno, William Moreira Miguel.
Já Izabelly Sena Maziero concorreu entre os 100 estudantes selecionados por meio de prova online. Aluna do segundo ano do curso técnico de Administração integrado ao Ensino Médio da classe descentralizada localizada no município de Ouroeste e administrada pela Etec Dr. José Luiz Viana Coutinho (Jales), ela também foi medalhista de bronze.
“Fiquei surpresa com o resultado, pois tinha muita gente de escola particular fazendo a prova”, comemora a estudante que foi orientada pelo professor Adriano Ribeiro Pereira, da Escola Estadual Prof. Sansara Singh Filho, onde funciona a classe descentralizada. Izabelly também já foi medalhista da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) duas vezes.
Ainda foram selecionados para a final da OQSP oito indicados pelo Torneio Virtual de Química e quatro pela Olimpíada Regional de Química da USP de Ribeirão Preto.