Estudantes de Etec extraem bioplástico do bagaço da laranja

Projeto de alunos do curso técnico de Química da Etec Trajano Camargo, de Limeira, propõe a substituição do filme plástico de origem petroquímica na indústria alimentícia

6 de fevereiro de 2024 10:04 am Projetos

A orientadora Jéssica de Macedo (esq.), os estudantes Monick e Gustavo, e o coorientador Reinaldo Blezer l Foto: Divulgação

Um projeto desenvolvido por estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Trajano Camargo, localizada em Limeira, na Região de Campinas, pode diminuir a poluição causada por plásticos de origem petroquímica, utilizados em supermercados e na indústria de alimentos, que demoram mais de 400 anos para se decompor no meio ambiente.

A alternativa encontrada por Gustavo dos Santos e Monick Souza foi a Produção de polímero biodegradável através da pectina do bagaço de laranja. Formados no curso técnico de Química, eles foram orientados pelos professores Jéssica de Macedo e Reinaldo Blezer em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado no final do semestre passado.

O polímero é um filme plástico, daqueles encontrados em prateleiras de supermercados embalando frutas e outros vegetais, produzido à base de pectina. “É um açúcar que pode ser extraído do bagaço da laranja. Com a adição de outros reagentes químicos chegamos ao bioplástico”, explica Gustavo. “Ficou muito parecido com o filme plástico de PVC, tanto em aspectos visuais quanto aos relacionados à preservação de alimentos.”

Sob condições corretas de iluminação e compostagem, pesquisas apontam que o tempo de decomposição desses plásticos pode diminuir para cerca de seis meses.

O projeto foi um dos 100 finalistas da 11ª Mostra de Ciências e Tecnologia Instituto 3M, realizada em novembro de 2023. De acordo com Gustavo, um dos principais desafios encontrados pela dupla para desenvolver o polímero foi o tempo escasso – dois dos três semestres do curso. “Eles superaram os obstáculos com sucesso, evidenciando o comprometimento e a dedicação para com as atividades propostas”, elogia a orientadora Jéssica de Macedo. O professor Reinaldo Blezer é o coorientador do trabalho.

Tema atual

Além de atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o projeto está em consonância com o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em junho de 2023, tendo a poluição plástica como tema, um problema alarmante em todo mundo, assim como no Brasil.

De acordo, com a edição mais recente do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2023, cada brasileiro gerou 64 quilos de lixo plástico no ano anterior à pesquisa. Em números absolutos, são 13,7 milhões de toneladas de resíduos plásticos gerados em 12 meses – boa parte desse material era de uso único, aquele com pouquíssimo tempo útil e séculos de impacto ambiental.

Descartados inadequadamente, os plásticos se tornaram um dos principais vilões do meio ambiente. O resíduo plástico é poluente mais encontrado nos corpos hídricos do planeta: corresponde a 48,5% dos materiais que vazam para os mares.

Compartilhe


Veja também