Promover o consumo de alimentos hidropônicos orgânicos de plantio próprio em pequenos espaços, aliando troca de conhecimentos e vivências de cultivo. Mapear talentos e facilitar o processo para a contratação de moradores em situação de rua. Oferecer à refugiados a oportunidade de ensino à distância do idioma português, com foco no mercado profissional. Estes são os objetivos de três modelos de negócios que ganharam destaque na participação no Startup Weekend Negócios de Impacto São Paulo. Os trabalhos foram desenvolvidos por estudantes da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Sebrae, da Capital, junto a outros entusiastas do empreendedorismo que participaram do evento realizado no LifeHub da Bayer, na última semana de setembro.

A edição reuniu um grupo de cerca de 40 pessoas para um desafio instigante: transformar ideias de empreendedorismo de impacto social e ambiental em novos modelos de negócio em 54 horas, em apenas um fim de semana. O projeto Cidade Verde conquistou o maior destaque na edição, seguidos pelos projetos Olhar Oportuno e Journey.  Além do estímulo ao aprendizado, o evento trouxe a oportunidade de inclusão de pessoas que em geral estão mais distantes de ambientes de inovação.

As estudantes do curso de Gestão de Negócios e Inovação participaram do evento com o apoio do Sebrae, que disponibilizou convites à unidade de ensino. O coordenador do curso, Caio Flávio Stettiner, conta que selecionou alunas que apresentaram projetos em sala de aula relacionados ao tema do evento. “Quando se trabalha com educação é importante prover experiências de aprendizagem além da sala de aula e nada melhor que participar de um evento em que as competências adquiridas durante o curso são validadas.”

Cidade Verde

O grupo formado pela estudante do terceiro semestre do curso de Gestão de Negócios e Inovação, Karina Francielle Benedicto Lino, e outros quatro participantes, se conheceram no dia do evento, apresentaram a startup Cidade Verde. Trata-se de uma plataforma onde é possível encontrar toda matéria prima necessária para o cultivo de hidropônicos com o máximo de aproveitamento do espaço. Não importa se a pessoa tem um canteiro na área de serviço ou uma área maior para plantio. Os usuários também encontram na plataforma a possibilidade de participar de uma comunidade online para troca de experiências sobre cultivo.

O grupo decidiu propor um trabalho para gerar impacto positivo tanto para o meio ambiente, quanto para a vida dos clientes do Cidade Verde. “A abordagem do nosso projeto nos possibilitou trabalhar três dos Objetivos de Desenvolvimento Ssustentáveis (ODS) da ONU, o ODS 11 Cidades e Comunidades Sustentáveis, ODS 2 Fome Zero e Agricultura Sustentável e ODS 12 Consumo e Produção Sustentáveis”, explica Karina.

Segundo a estudante, o curso superior de Tecnologia foi essencial para que o trabalho alcançasse o maior destaque do evento. “Foi por meio dos aprendizados em sala de aula que obtive toda as perspectivas, conhecimentos e habilidades que utilizei no decorrer do Startup Weekend.” Karine complementa que a oportunidade de participar foi extraordinária e expandiu seus horizontes. “Conseguimos colocar em prática tudo que aprendemos no ambiente acadêmico. A metodologia da instituição possibilita resultados reais.”

Olhar Oportuno

O segundo maior destaque do evento concentrou esforços na solução de um problema mais urbano com uma proposta ambiciosa: criar uma empresa de contratação de mão de obra terceirizada especializada no mapeamento e retenção de profissionais em situação de rua. Além de ser ponte entre empresas que buscam talentos e as pessoas em busca de uma posição no mercado de trabalho, a Olhar Oportuno – Transformação com base na oportunidade – também tem a proposta de prestar consultoria às empresas contratantes e oferecer um processo que minimiza burocracias.

As estudantes Daisy Shinohara e Paula Souza de Oliveira conheceram as outras duas integrantes do grupo no dia do evento. “Nós tínhamos decidido apenas o público que gostaríamos de atingir e a ideia final surgiu no processo do evento, que, diga-se de passagem, é super desafiador”, relembra Paula.

Para ela, as aulas do curso na Fatec foram fundamentais para embasar o projeto. “No semestre passado participamos da oficina Startaí, dentro da disciplina de Prospecção de Negócios e Inovação, com o tema Negócios de Impacto Social. Foi assim que ganhamos base, conceitos e ferramentas para estruturar nosso modelo de negócio no Startup Weekend Negócios de Impacto São Paulo.”

O grupo está empenhado em fazer com o que projeto saia do campo das ideias e alcance todo o Brasil. “Estamos nos preparando para as próximas etapas e contamos com o apoio de professores da Fatec Sebrae”. Paula destaca que ensinar é um ato resistência, por isso, além do apoio da unidade de ensino, foi muito importante o suporte da organização e mentores do evento. “Eles causaram um impacto gigante em nossas vidas, por meio do empenho e dedicação que tiveram, proporcionaram uma experiência inesquecível, de trocas e aprendizados.”

Journey

Comfoco no desenvolvimento de carreira e nas exigências do mercado de trabalho, o grupo das estudantes Bárbara Aparecida das Neves Manso e Winner Nmerichukwu Alozie desenvolveu um aplicativo que possibilita o aprendizado de idiomas de forma flexível. A ideia inovadora conquistou o terceiro destaque do fim de semana de aprendizados. Journey é uma ferramenta cujo público-alvo são os refugiados e imigrantes que chegam ao Brasil. Além do ensino da língua estrangeira, a ideia é que a ferramenta ofereça orientação profissional, conteúdos que auxiliem no posicionamento de carreira e para a validação de diploma internacional. Tais quesitos diferenciam a ferramenta das demais já disponíveis nas lojas de aplicativos.

A proposta atende aos ODS 8.8 Trabalho seguro e 10.2 Inclusão social para todos. Winner conta que levantou a dificuldade de inserção no mercado de trabalho para imigrantes e refugiados. “Em entrevistas com imigrantes, identificamos que o primeiro grande problema é a barreira do idioma”, afirma. “Aprender uma nova língua se mostrou um obstáculo muito forte para eles.” Ela explica que por ser nigeriana, ficou muito feliz em poder contribuir e compartilhar experiências vividas e observadas durante a vida dela e de seus familiares e amigos.

Barbara explica que se identificou com a proposta e acredita na continuidade do projeto após o evento. “Queremos muito levar o projeto adiante, um dos jurados do evento entrou em contato conosco. Também vamos aproveitar as mentorias que ganhamos e seguir daí”, afirma. “Tenho certeza de que será um projeto incrível que pode mudar a vida de muita gente”.