Estudante do CPS conquista prêmio como caçadora de asteroides

Desde que se inscreveu em programa da Nasa, aluna de classe descentralizada da Etec de Sapopemba já identificou nove corpos celestes

9 de novembro de 2022 12:59 pm Premiação

Ana Beatriz Rodrigues Carvalho tem 17 anos e pretende fazer graduação em Física para se tornar pesquisadora | Foto: Divulgação

Parece história de ficção, mas é a vida de uma estudante da Escola Estadual (E.E) Chibata Miyakoshi, que funciona como classe descentralizada da Escola Técnica Estadual (Etec) Sapopemba, da Capital. Ana Beatriz Rodrigues Carvalho, de 17 anos, é caçadora de asteroides em um programa da National Aeronautics and Space Administration (Nasa). Ela já identificou nove corpos celestes, que agora estão sendo esmiuçados por pesquisadores da agência espacial norte-americana.

A jovem começou esse trabalho em abril deste ano, quando viu no Instagram publicações sobre o programa Caça Asteroides, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em parceria com o International Astronomical Search Collaboration (IASC/Nasa Partner). As inscrições estavam abertas, mas ela só poderia participar como membro de uma equipe. Para não perder a chance, Ana começou a deixar comentários nas publicações da rede social pedindo para ingressar em um grupo e acabou sendo aceita por uma turma que tem outros nove estudantes do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.

O programa funciona assim: um telescópio instalado no Havaí, nos Estados Unidos, capta imagens e envia para os participantes, que inserem as informações no software Astrometrica e começam as buscas. As campanhas de caça duram um mês. Ana participou de quatro delas neste ano.

Quando encontram os corpos celestes, os estudantes precisam indicar em que lugar ele está, quão visível ele é e qual a sua velocidade. Esses dados são encaminhados a cientistas, que podem levar cinco anos para analisar as informações. Se a apuração inicial for confirmada, quem encontrou o asteroide tem a prerrogativa de dar um nome a ele. “Só não podemos escolher algo que faça apologia ao terrorismo ou que se refira a questões políticas, por exemplo”, explica a aluna da classe descentralizada do Centro Paula Souza (CPS).

Ana tem na ponta da língua os motivos pelos quais é importante detectar e monitorar objetos astronômicos. “Dois princípios guiam essa busca. Um deles é a defesa planetária, já que a ciência mostra que os dinossauros foram extintos após um asteroide atingir a Terra. Outro ponto é a possibilidade de, um dia, extrairmos minérios desses corpos celestes.”

De olho nas estrelas

A paixão de Ana por “olhar para o céu” é antiga, vem da infância. Mas foi nutrida por um professor de física, durante o primeiro ano do Ensino Médio Integrado ao Técnico de Logística, oferecido pelo CPS em parceria com a Secretaria de Educação de São Paulo. “Ele me desafiava a descobrir órbitas, indicava cursos e cobrava os certificados de conclusão”, conta. Desde 2020, Ana já fez 38 cursos sobre temas relacionados a Astronomia e Física.

Participar de um programa da Nasa é só um dos feitos do currículo da jovem estudante. Em setembro, ela se inscreveu para um curso de ondas gravitacionais oferecido pelo Instituto Internacional de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi considerada a melhor aluna de sua turma, que tinha diversos estudantes de nível superior. Como recompensa, vai passar uma semana no Nordeste participando de um programa de iniciação científica que se propõe a orientar os participantes para uma carreira internacional. Além disso, irá a Brasília para uma premiação por ter encontrado os asteroides e também passará alguns dias por lá conhecendo universidades.

Ana viaja da capital federal direto para São Paulo na madrugada do dia 4 de dezembro. Nesse mesmo dia, a partir das 13 horas, fará a primeira fase da Fuvest, vestibular que seleciona os estudantes para a Universidade de São Paulo (USP). Ela concorre a uma vaga no Instituto de Física. Quando terminar a prova, corre para o aeroporto e embarca para o Rio Grande do Norte. “Vida de cientista não é fácil”, diz Ana, feliz da vida.

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