Docentes do Centro Paula Souza (CPS) revelam como a convivência com pais educadores foi fundamental para que escolhessem compartilhar conhecimento
Para a professora aposentada Áurea Martins Gomes, ouvir as histórias do filho é como voltar para a sala de aula l Foto: Arquivo Pessoal
Nesta quarta (15), quando se celebra o Dia do Professor, o Centro Paula Souza (CPS) destaca trajetórias de docentes que foram influenciados desde a infância pelo trabalho dos pais na educação.
Rafael Martins, professor nas Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) Mogi Mirim – Arthur de Azevedo e Itapira – Ogari de Castro Pacheco, recorda como a convivência com a mãe educadora, Áurea Martins Gomes, impactou sua formação. “Desde criança, sempre achei incrível o trabalho dela com os alunos. Era inspirador ver como conseguia influenciar positivamente tantas vidas”, afirma.
Antes de se dedicar à docência, ele atuou na área de Tecnologia da Informação. A mudança de carreira veio após perceber que não se identificava com o setor: “Foi quando decidi ouvir meu coração e seguir aquilo que sempre admirei a vida toda. Fiz mestrado com o intuito de seguir na carreira acadêmica.”
Para Martins, compartilhar a trajetória com a mãe, que se aposentou pouco depois de seu ingresso no magistério, tem um valor especial. “Ela continua ouvindo minhas histórias e sente como se ainda estivesse em sala de aula”, salienta.
Dedicação
Professor na Escola Técnica Estadual (Etec) de Cubatão, André Luiz Correa de Souza também reconhece na mãe o incentivo para seguir a carreira. Docente da rede pública por mais de 30 anos, Marlene Dias foi referência durante sua formação, como pessoa batalhadora e dedicada aos alunos.
Ele iniciou a carreira como técnico em telecomunicações e atuou em diversas áreas. O reencontro com as salas de aula veio anos depois, após concluir o Ensino Médio e fazer faculdade de Administração.
Essa retomada dos estudos abriu caminho para a docência. “Em 2022, procurando um concurso público, me deparei com o processo seletivo da Escola Técnica Estadual (Etec) de Cubatão. Aquele desejo de ser professor, talvez vindo de sangue, se tornou realidade. Me sinto realizado com o que faço. Não me vejo mais longe da vida acadêmica”, frisa.
Caminho
A trajetória de Bárbara Regina Lopes Costa também começou entre as carteiras escolares. Filha de dois professores, Adonias Dantas da Costa e Terezinha Bezerra Lopes Costa, passou boa parte da infância acompanhando os pais nos colégios onde lecionavam.
“Frequentava mais a sala de aula que o parquinho. Cresci entre quadros, cadernos e vozes que ensinavam”, recorda. Na adolescência, diante do esforço dos pais com provas e eventos escolares, decidiu que não seguiria o mesmo caminho. Formou-se em Publicidade e Propaganda e atuou no setor privado.
A mudança veio por acaso, ao substituir um professor na pós-graduação que cursava: “Nos primeiros minutos, o nervosismo tomou conta. Mas, ao ver o olhar atento dos alunos, algo despertou. Percebi que carregava a mesma ideologia dos meus pais.”
A escolha tornou-se definitiva. Hoje professora da Fatec Indaiatuba – Dr. Archimedes Lammoglia, Bárbara soma mais de duas décadas na docência. “Minha mãe, além de professora, era administradora. Meu pai, mesmo aposentado, ainda é chamado de ‘professor’. E eu, que um dia jurei não seguir esse caminho, estou há mais de 20 anos em sala de aula”, conclui.