Vera Lúcia abandonou a sala de aula na infância, quando trabalhava na roça para ajudar a mãe; ela retomou os estudos na vida adulta e hoje está no terceiro curso na Etec de Quatá
Com as formações técnicas, vieram as promoções e o reconhecimento como melhor aluna da turma, em 2023 | Arte: Divulgação
Em 1995, Vera Lúcia dos Santos já tinha carteira registrada na colheita do café. Aos 13 anos, acumulava experiência na roça, ajudando a mãe a criar seus oito filhos sem o pai. Na distância entre a cidade mais próxima e o campo, o estudo foi ficando pelo caminho. “A escola era longe e a gente chegava muito cansado para ir até a cidade. Parei na quinta série e só terminei o Ensino Fundamental com 36 anos”, conta.
Morando na cidade de Quatá, começou a trabalhar em uma grande empresa como auxiliar de serviços gerais e teria sido logo promovida, não fosse a falta de estudo, pois a vaga exigia Ensino Médio completo. Vera então aderiu à Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Criei força para terminar a escola e logo descobri a possibilidade do Ensino Técnico para evoluir na carreira.”
‘Etec mudou tudo na minha vida’
Entrou há sete anos na Escola Técnica Estadual (Etec) Dr. Luiz César Couto, de Quatá, para cursar o técnico em Alimentos, que gerou uma promoção a operadora de envase II. Na sequência, ela fez o técnico em Química, que resultou em mais uma promoção: operadora de produção. “A Etec mudou tudo na minha vida! E ainda consegui me destacar como melhor aluna de 2023 no curso de Química”, orgulha-se.
Atualmente, Vera Lúcia está no terceiro módulo do curso técnico em Segurança do Trabalho e torce para que o filho caçula consiga entrar na Etec, em 2026. Ela já criou os três filhos mais velhos com a força do braço e agora luta para que a vida do jovem seja mais leve. “O Davi sempre fala que quer estudar na Etec e fazer cursos técnicos, assim como eu, para ter uma formação desde a juventude. A Etec me fez chegar aonde achei que jamais conseguiria. É uma honra estar aqui”, ressalta.