Com diploma da Fatec na bagagem, ex-aluno trabalha na Alemanha

Felipe Coutinho conta como construiu sua carreira, da faculdade até os empregos no exterior, e fala sobre o papel que o curso de Elétrica Automotiva teve sobre ela

4 de janeiro de 2023 9:40 am Institucional

Na pista de teste da Mercedes-Benz: o momento em que Felipe se sentiu mais realizado | Foto: Divulgação

A trajetória do engenheiro elétrico Felipe Coutinho começou na Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Santo André e teve escala em Minas Gerais e Portugal até que ele chegasse à pequena cidade de Meiningen, na Alemanha. Aos 28 anos, ele é o protagonista de uma história de esforço, persistência e alguns apertos em uma jornada marcada por escolhas acadêmicas acertadas.

Quando aterrissou na Alemanha para trabalhar na Continental, empresa sediada em Munique e próxima a Meiningen, ele já carregava na bagagem o currículo que destacava a Fatec como sua primeira formação. E gosta de ressaltar: “Tenho muita gratidão pela Fatec. Todo o meu percurso foi resultado do que a instituição me proporcionou”, afirma.

O curso de Eletrônica Automotiva foi a base de toda a sua formação, complementada com outra formação superior em Engenharia Elétrica e um MBA na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Só não o preparou para falar alemão. “Ao chegar à Alemanha, há cinco meses, eu entrava no mercado e não conseguia comprar nem uma água sem gás”, lembra. Na pequena Meiningen quase ninguém fala inglês. E ele ainda não falava alemão. Nada que pudesse desanimá-lo.

Olhando para trás, Felipe lembra os percalços e êxitos de sua trajetória. Para começar, não entrou na Fatec de primeira e enfrentou a ansiedade do terceiro lugar da lista de espera do Vestibular. Junto com a família, respirou aliviado quando conseguiu a vaga. Aí as aulas começaram e se surpreendeu com o nível de exigência dos professores. “O curso era muito puxado”, lembra. “Alguns dos professores da Fatec atuam na indústria, têm uma visão muito atualizada do que está acontecendo no mercado e, por isso, elevavam a barra do nível acadêmico”. Não à toa, boa parte da sua turma chegou a questionar se terminaria o curso em apenas três anos. Entusiasmado com o laboratório, os carros e os motores, Felipe enfrentou os desafios e persistiu.

Dois anos depois de iniciar o curso, em novembro de 2014, Felipe participou da Maratona Universitária da Eficiência Energética, evento que acontece no Brasil desde 2004 reunindo universitários de todo o país. Nesse ano, a Fatec Santo André levou o primeiro lugar. “Acredito que trabalhar no projeto de desenvolver um carro com o menor custo energético possível foi um impulso para a minha futura vida profissional”, afirma. “Naquela época, ainda não conhecia o mercado de trabalho, mas hoje vejo que foi um passo muito importante.”

Duas faculdades no tempo de uma

O início da vida profissional foi acelerado. Antes mesmo da cerimônia de colação de grau, Felipe já estava participando de processos de seleção e foi recrutado por uma empresa internacional de diagnóstico automotivo em São Caetano do Sul, onde atuou por três anos. “Nessa empresa fiz treinamento na Itália, México e Argentina”, revela, ainda impressionado com o que conquistou já no primeiro emprego.

Para complementar sua formação e continuar seu desenvolvimento, Felipe decidiu acrescentar a faculdade de Engenharia Elétrica ao seu currículo, trajetória concluída em apenas três anos, graças às matérias que pôde eliminar com seu histórico da Fatec. “No período em que qualquer pessoa faz apenas um curso universitário de Engenharia eu concluí duas graduações”, orgulha-se. “A engenharia foi um complemento importande, mas o conhecimento profissional veio do aprendizado da Fatec.”

O segundo emprego foi com engenharia de produto em uma firma terceirizada da Volkswagen, também no grande ABC, iniciado em paralelo com um MBA. “Uma coisa foi puxando a outra”, ele diz. “Pude bancar com o meu salário todos os estudos que fiz desde que saí da Fatec Santo André. ”Depois de dois anos, com a chegada da pandemia, o primeiro revés. A empresa passou por uma reestruturação com várias demissões e Felipe precisou buscar novas oportunidades, quando ainda estava custeando o MBA na FGV.

Um fim e novos começos

Os bons ventos, que sopram para quem tem uma boa formação, o atingiram e o levaram um pouquinho mais longe. Felipe conquistou uma colocação na Fiat, sediada na cidade de Betim, em Minas Gerais. E não precisou interromper o MBA que, nessa época, instituiu o curso remoto. Bingo! Tudo resolvido novamente.

A fase mineira se mostraria produtiva — ele não apenas desenvolvia funções para carros autônomos como testava esses veículos nos campos de prova de cidades vizinhas. “Era sensacional. Os carros camuflados despertavam a curiosidade das pessoas sempre que parávamos em algum lugar, como um posto de gasolina. Às vezes eu trabalhava até quase meia-noite, mas adorava”, lembra.

Com o espírito de quem está sempre em busca de novas oportunidades de crescimento, Felipe não hesitou em aceitar um desafio de trabalhar em Portugal, em uma empresa que tinha seu maior faturamento na base automotiva. Ao chegar ao novo país e se instalar, encontrou o primeiro contratempo. “A empresa pagava apenas duas semanas de hotel ao contratar o funcionário; era esse o tempo que eu tinha para encontrar moradia”, conta. A dois dias de deixar o hotel, ele encontrou um quarto em uma casa compartilhada com quatorze pessoas de nove nacionalidades – e uma cozinha comum. E essa seria apenas a primeira etapa de sua incursão europeia.

Licença especial para dirigir

Quando já estava se habituando ao sotaque dos portugueses, os ventos voltaram a soprar e levaram o barquinho de Felipe para a Alemanha. “É um país de economia forte que paga salários três ou quatro vezes maiores que Portugal”, justifica. Na Continental, produtora de componentes automotivos, o engenheiro desempenha função muito semelhante à que tinha na Fiat de Betim e assim precisou de uma licença especial para pilotar carros em campos de prova.

Hoje, passada a barreira emocional dos primeiros dois meses e a adaptação ao clima alemão, Felipe já se sente mais à vontade, morando sozinho, fazendo amigos e viajando de trem para os países vizinhos. Continua recebendo ofertas de trabalho pelo Linkedin e já consegue pedir água sem gás e outras coisas de que precise no mercado.

Felipe mantém contato com ex-colegas da Fatec e se orgulha de vê-los bem posicionados profissionalmente. Dois amigos, indicados por ele para vagas na primeira empresa onde trabalhou depois da Fatec, seguiram carreira. Outros estão na Volkswagen, enquanto um deles seguiu um caminho semelhante ao seu e hoje está trabalhando na Suécia.

O curioso é que Felipe queria ter começado sua vida acadêmica estudando em uma Escola Técnica do Estado (Etec), mas não passou no Vestibulinho. Bem-humorado, ele dispara: “Perdi a primeira partida, mas ganhei o campeonato.”

Quem quiser conhecer a rotina do ex-aluno, pode segui-lo no Instagram: @fe_fgcoutinho.

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