Alunos da Etec de Suzano criam vidro com cascas de ovos

Projeto foi finalista da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e recebeu o prêmio Mostra de Ciências e Tecnologia do Instituto Açaí (MCTIA)

29 de março de 2022 1:19 pm Etec

Hadassa, Tatari, Beatriz e Brian: pesquisa indica possível nova fonte de renda para pequenas empresas | Foto: Divulgação

Segundo previsão da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para 2022, a produção de ovos no Brasil poderá chegar até 56,2 bilhões de unidades, volume 3% maior em relação a 2021. Embora seja uma proteína bastante consumida no país e no mundo, nem todos utilizam o produto por inteiro. A casca, normalmente, é jogada no lixo. Pensando nessa disponibilidade de matéria-prima, alunos do curso Técnico de Química Integrado ao Médio da Escola Técnica Estadual (Etec) de Suzano desenvolveram o projeto Vidro a partir da Extração de Óxido Cálcio Oriundo da Casca do Ovo. O trabalho foi inscrito na 20ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e premiado no último sábado (26).

Os estudantes Beatriz Correia Gonçalves, Braian William Cardoso da Silva e Hadassa Nogueira Santos Ferreira, sob orientação do professor Cesar Tatari, criaram uma fonte limpa de óxido de cálcio com vantagens socioambientais usando a casca do ovo. As substâncias presentes nessa “embalagem natural” substituem o calcário, extraído do solo, que provoca diversos impactos negativos para o meio ambiente. Dessa forma, os alunos conseguiram obter vidro do tipo sodo-cálcico, muito usado na produção de garrafas, copos, janelas, entre outros.

O professor orientador do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Cesar Tatari, explica que o propósito do projeto foi apresentar uma solução com uma destinação nobre a esse material tão rico presente na casca de ovo. Embora algumas empresas já utilizem as cascas para calagem do solo (técnica usada para diminuir a acidez e aumentar o pH), o projeto dos estudantes pode mudar a realidade de mais pessoas. “As pequenas empresas que beneficiam os ovos, por exemplo, teriam uma nova fonte de renda com a comercialização das cascas, além das indústrias de pequeno porte que produzem o vidro.”

Também chamado de Cascov, o projeto está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) nas categorias Indústria de Inovação e Infraestrutura (9), Consumo e Produção Responsáveis (12) e Combate as alterações climáticas (13).

Premiação

No sábado, durante a cerimônia de encerramento da Febrace, o projeto recebeu o prêmio Mostra de Ciências e Tecnologia do Instituto Açaí (MCTIA), que credenciou a equipe a participar do evento previsto para ocorrer em dezembro, no Pará. “Esse reconhecimento comprova a importância do trabalho que fizemos e nos incentiva a continuar na área de pesquisa”, avalia Beatriz. Dois integrantes do grupo pretendem seguir carreira científica e já estão estudando na Universidade de São Paulo (USP): Beatriz cursa Química em São Carlos e Braian fará o mesmo bacharelado na Poli.

Tatari destaca que não é fácil classificar um projeto para a Febrace, considerada a feira tecnológica mais importante do país. Mas eles não só classificaram o trabalho como foram premiados. “Produzimos vidro de qualidade e, neste semestre, vamos realizar testes em empresas de vidro de pequeno porte da região do Alto Tietê”, afirma.

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