Desde os 8 anos, quando Renan Pecegueiro Tristão começou a frequentar a panificadora de sua família, a quantidade de cascas de ovos jogada no lixo chamava sua atenção. Hoje, aos 20 anos, ele e outros […]
Estudantes do curso técnico em Química trabalham no projeto que reutiliza as cascas de ovos – Foto: Divulgação
Desde os 8 anos, quando Renan Pecegueiro Tristão começou a frequentar a panificadora de sua família, a quantidade de cascas de ovos jogada no lixo chamava sua atenção. Hoje, aos 20 anos, ele e outros quatro colegas do quarto módulo do curso técnico em Química da Escola Técnica Estadual Cel. Raphael Brandão, de Barretos, criaram um destino sustentável para o material descartado. Recolhidas da panificadora, as cascas de ovos são trituradas e utilizadas no pré-tratamento da água. A alternativa desenvolvida para a primeira etapa de purificação gera ainda um subproduto que pode ser usado por agricultores para fertilizar o solo.
O projeto começou justamente com a ideia de criar um fertilizante. “Queria muito trabalhar com esse subproduto da indústria da panificação, porque a casca de ovo possui uma quantidade muito grande de carbonato de cálcio e é pouco usada na terra. A intenção era criar algo sustentável”, conta Renan, que trabalha na panificadora como balconista.
Porém, os primeiros testes feitos pelo grupo – composto também por Adriel Martins de Oliveira, Flavia Oliveira da Silva, Gabriel Moreira Muniz Santos e Marcelo Pereira da Silva – indicaram que o pó da casca de ovos poderia ser usado para sedimentar a sujeira presente na água. Então, o projeto ganhou novo rumo. Os alunos constataram que, para tratar cada quatro litros de água, basta a casca de um ovo e dois reagentes. A decantação acontece em cinco minutos.
“O processo criado pelos alunos pode substituir o pré-tratamento da água. Em vez de comprar floculantes – substância que faz a sujeira se aglutinar em flocos e decantar –, as estações poderiam aproveitar a casca de ovo, que hoje não tem um encaminhamento sustentável. Além disso, os reagentes que testamos no projeto são mais baratos que os usados pelas estações”, afirma o professor Evandro Lucas de Lima, orientador do grupo e coordenador do curso técnico em Química da Etec de Barretos. Para ele, a formação de um fertilizante como subproduto a partir do material sedimentado é outra vantagem do projeto dos estudantes em relação ao tratamento convencional. “Nas estações, os flocos de impurezas formados durante o processo têm muito alumínio, que é tóxico.”
Após o pré-tratamento, a água ainda precisa passar por outros processos, como filtragem e adição de cloro, para estar apta ao consumo humano, explica o professor. A próxima etapa de trabalho dos alunos é o levantamento detalhado dos custos para avaliar e justificar a viabilidade econômica do projeto. Com a experiência adquirida em tecnologia de tratamento de água, o grupo vai buscar ainda parcerias com estações da cidade de Barretos para aplicar a ideia.