Aluno cria ‘retrofit’ para estações meteorológicas semiautomáticas

Projeto revitaliza equipamentos em desuso, demanda baixo investimento, reduz o descarte de resíduos tecnológicos e amplia a capacidade de monitoramento em locais remotos

14 de março de 2023 9:15 am Fatec

Além de reativar estações inoperantes, sistema faz a transmissão automática de dados para nuvem | Foto: Divulgação

O processo de aplicação de novas tecnologias ou design a algo que está obsoleto, tornando-o moderno e útil, sem descaracterizar a função original, é conhecido como retrofit. Foi aplicando esse conceito que o estudante da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Professor Wilson Roberto R. de Camargo, de Tatuí, Vinicius Trevisano Cabral de Oliveira, desenvolveu o projeto de revitalização de equipamentos meteorológicos semiautomáticos que estavam em desuso e à beira do descarte na cidade.

A “Cloud Strength – Da Nuvem para suas Mãos” é uma ferramenta desenvolvida em Internet das Coisas (IoT) que, ao ser implantada, além de reativar estações inoperantes, permite a transmissão automática de dados de medição de chuva coletados, em tempo real. Conta ainda com uma interface amigável, que funciona de uma forma bem intuitiva e acessível para leigos no assunto. Com isso, auxiliando qualquer pessoa que faça uso do equipamento na capitação de informações pluviométricos.

A modernização do equipamento conta também com uma placa fotovoltaica, que faz o abastecimento de energia para que o instrumento funcione, e um microchip de internet móvel, para transmissão das informações.

Normalmente, uma estação semiautomática necessita de pilhas para funcionar e é necessário que uma pessoa se desloque até o local para realizar a medição manual dos dados coletados em um determinado período. “Por conta desses desafios operacionais, que também demandam mais investimento, muitas vezes, esses equipamentos caem em desuso”, explica Vinícius.

Evolução

O projeto começou em 2019, quando a equipe da Defesa Civil da cidade procurou o professor José Carlos Ferreira, na estação meteorológica da Fatec, solicitando uma avaliação para saber se os equipamentos que o órgão tinha ainda poderiam ser aproveitados.

Vinícius, que na época cursava a graduação de Manutenção Industrial, se interessou em ajudar na avaliação e manutenção do equipamento. Por ser um processo moroso, que demandava um trabalho manual, ele percebeu que seriam necessários mais que reparos. “O bichinho da curiosidade bateu e comecei a pensar em formas de aplicar outras tecnologias no equipamento que estava quase descartável.”

Assim, mesmo em meio à chegada da pandemia da Covid-19, o projeto de iniciação científica ganhou forma e a orientação dos professores José Ferreira e Maria do Carmo Vara Lopes Orsi.

Agora, a inovação segue para a fase de calibração e validação de dados. “Neste estágio, colocamos o protótipo ao lado de uma estação automática em funcionamento e verificamos se os dados coletados pelas duas estações são os mesmos, confirmando que o ‘Cloud Strength‘ opera corretamente”, explica o idealizador do projeto.

Atualmente, Vinícius cursa a graduação tecnológica em Automação Industrial, também na Fatec Tatuí. O objetivo principal do novo curso é, justamente, aprender novas competências e dar continuidade ao projeto, com possibilidade de levá-lo ao mercado. “Comprovada a confiabilidade da proposta no teste científico, vamos em busca de investimentos e parcerias para que a melhoria possa de fato ser aplicada, tanto por órgão ambientais, quanto por quaisquer outras empresas que utilizem dados meteorológicos e pluviométricos.”

Diferenciais competitivos

Como promove o reaproveitamento de um equipamento já existente, evitando o constante descarte de pilhas e sanando a necessidade frequente de deslocamento de uma pessoa à estação, a inovação também beneficia o meio ambiente.

O estudante reforça ainda que o projeto tem outro atrativo: oferecer ao mercado um equipamento de baixo custo. “Além da economia gerada no dia a dia de uso, conseguimos também ter uma ferramenta moderna, altamente tecnológica, que custa o equivalente a um quarto do valor de um sistema automático.”

A inovação conquistou o primeiro lugar na última edição do programa BeTheBoss, do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), e está sendo preparada para o programa Escola de Inovadores, da InovaCPS.

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