Aos 18 anos, Jahzara Johari Oná França Teixeira diz, convicta: “sou ativista há muito tempo”. Apesar da pouca idade, a estudante, que acaba de concluir o curso Técnico em Meio Ambiente na Escola Técnica Estadual (Etec) Getúlio Vargas, na Capital, prova a militância. Ela esteve na Conferência do Clima (COP) 27, da Organização das Nações Unidas (ONU) no Egito, com os custos de estadia e passagem aérea cobertos por uma organização não governamental e pelo Greenpeace, movimento em que atua. Mas era pouco. Ela queria entrar nos ambientes fechados das discussões entre os representantes dos 198 países ali reunidos.

Jahzara descobriu que precisaria obter uma credencial, o que seria difícil, mas não impossível. “Escrevi uma redação para o comitê da ONU detalhando a minha formação e o motivo pelo qual eu gostaria de estar lá. Nem acreditei quando recebi a resposta avisando que eu havia sido aceita”, conta a estudante. A redação era como uma application – um processo de seleção semelhante ao de um aluno que pleiteia uma vaga em instituição no exterior.

No segundo semestre de 2022, Jahazara estava entre os 109 estudantes de Meio Ambiente da Etec Getúlio Vargas, somando 66 alunos do curso Técnico e 103 do Ensino Médio Integrado com Habilitação Profissional.

“O conhecimento aprofundado em meio ambiente que obtive na Etec foi fundamental para a minha redação e para a obtenção da credencial”, diz a jovem. No espaço da COP, ela ficava das 8 às 20 horas colhendo informações. Três vezes por dia, postava vídeos no perfil dela no Instagram e a qualquer momento do dia somava amigos, jovens de todas as partes do mundo que estavam no Egito para participar da COY 17 – a COP da juventude.

Um olhar para o futuro

“A minha militância começou quando entendi que a luta ambiental não é só sobre fauna e flora, mas sobre insegurança alimentar, enchentes, problemas de saneamento básico”, ensina. Por isso, Jahzara se define como uma socioambientalista. 

Nascida e criada no Jardim Pantanal, no extremo leste de São Paulo, ela vive desde sempre essa realidade, e entende que a questão climática só se resolve quando a desigualdade social for sanada. Não à toa, uma das questões mais importantes da pauta de 2022 foi a situação dos países mais vulneráveis, com foco no Sul Global.

Jahzara acredita na pressão da juventude, que teve a capacidade de mobilização posta à prova em 2022, quando os integrantes da COY foram capazes de realizar o já tradicional protesto climático de modo simbólico, devido ao caráter ditatorial do regime egípcio. Na impossibilidade de tomar as ruas de Sharm El-Sheik, como acontece nas cidades que sediam a Conferência do Clima, o movimento Fridays for Future ocupou o complexo que abrigou a COP por quase uma hora.

A primeira vez que Jahzara saiu da comunidade em que vive foi rumo ao Egito. A próxima deverá ser já em dezembro de 2023, para participar da COP 28, nos Emirados Árabes. Enquanto isso, a aluna continua a militância no Brasil e registra tudo no perfil do Instagram @jahzara_ona. E veja o recado que ela manda especialmente para os estudantes no Instagram @centropaulasouza.