Leandro Luque, professor da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Mogi das Cruzes, desenvolveu o aplicativo vozlivre para ajudar pessoas com dificuldades na fala a se comunicar. O software, que será lançado de forma gratuita […]
Programa poderá ser usado no computador, smartphone ou tablete
Leandro Luque, professor da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Mogi das Cruzes, desenvolveu o aplicativo vozlivre para ajudar pessoas com dificuldades na fala a se comunicar. O software, que será lançado de forma gratuita em 2016, passa pelos últimos testes com estudantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do município e será testado também na Rede de Reabilitação Lucy Montoro.
O app pode ser usado no computador, smartphone ou tablet e permite que o fonoaudiólogo crie uma prancha de comunicação com conjuntos diversos de figuras para que o usuário interaja criando frases e significados. Além das imagens sugeridas pelo aplicativo, o profissional pode inserir arquivos de um banco pessoal. No final a frase é sintetizada e reproduzida oralmente, transmitindo o que o paciente deseja dizer.
“Qualquer pessoa com dificuldade na comunicação – no caso de autismo, paralisia cerebral ou vítimas de AVC – pode utilizar o aplicativo”, explica Luque. “O vozlivre é bem customizado para atender às necessidades individuais. Cada paciente tem uma prioridade.”
Futuros parceiros
A ideia chamou a atenção da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e foi apresentada, a convite do secretário adjunto da pasta, Cid Torquato, no 7º Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência, em novembro. Uma das propostas é implantar o programa na rede estadual de reabilitação.
“A tecnologia é fundamental e para pessoas com deficiência pode ser ainda mais, pois permite que você se faça coisas que não faria sem ela. Para pessoas que tem limitações e incapacidades, a tecnologia consegue muitas vezes substituir essa incapacidade, tornando possível exercer aquela função ou aquele trabalho. É importante que exista tecnologia de ponta que possa ser entregue de forma gratuita para a população e o projeto do professor Leandro faz isso sem ficar atrás dos serviços pagos que conhecemos”, diz Torquato.
Para levar adiante a ideia de seu projeto, o professor de informática Leandro Luque contou com o apoio da Fatec, que disponibilizou espaço de trabalho e recursos para a criação do software. “Meu filho sofreu um acidente em 2010 e tem sequelas cognitivas e motoras. Isso me inseriu em um universo desconhecido, onde tecnologias assistivas são importantíssimas para as pessoas. Ele não precisa de nenhuma solução de comunicação alternativa, mas esse foi o despertar para essas soluções”, conta.
Embora existam outros aplicativos semelhantes no mercado, o vozlivre é o mais avançado e com o maior número de recursos entre os aplicativos gratuitos, afirma Luque. “Fiz uma pesquisa na época e descobri que tecnologias de comunicação alternativas ou eram caras ou incompletas.”
Foi durante o desenvolvimento da pesquisa que surgiu a parceria com a Apae de Mogi das Cruzes, instituição que atende cerca de 200 crianças. O professor buscou o apoio técnico dos profissionais da instituição e foi bem recebido. O vozlivre já foi testado por 20 pacientes e, com o recebimento de doações de tablets, será expandido para mais de cem pessoas atendidas pela instituição.
Em relação à Rede de Reabilitação Lucy Montoro, os testes serão realizados em 20 pacientes e essa experiência será também um termômetro para as negociações com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.