Três ex-alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Professora Maria Cristina Medeiros, de Ribeirão Pires, estão colecionando prêmios em feiras de ciências com o Pesticida Natural à Base de Alho. O mais recente foi conquistado na […]
Produto natural foi apresentado pelos jovens na Febrace, em 2015 – Foto: Divulgação
Três ex-alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Professora Maria Cristina Medeiros, de Ribeirão Pires, estão colecionando prêmios em feiras de ciências com o Pesticida Natural à Base de Alho. O mais recente foi conquistado na 6ª Mostra de Ciência e Tecnologia Açaí, no Pará, no final de novembro. Credenciados após conseguirem o segundo lugar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) com o mesmo projeto, os técnicos em Química Joyce Lopes, Henrique Bergonzini e Andressa Pereira receberam condecorações em todas as categorias a que concorriam, tendo sido considerados autores do melhor projeto de toda a feira.
Antes, conquistaram o primeiro lugar na Mostra Paulista de Ciências e Engenharia (MOP), levaram o segundo lugar na Feira Tecnológica do Centro Paula Souza, a Feteps, de 2014, e conseguiram a credencial para um representante do grupo passar um mês em Israel, participando de um programa de ciências.
O produto desenvolvido pelo grupo é ecológico, sustentável, e, segundo diversos testes feitos pela equipe, tão eficaz quanto pesticidas industriais e mais barato que outras soluções naturais conhecidas. O pesticida demonstra resultados satisfatórios tanto na proteção de vegetais plantados em vasos como em alimentos já colhidos contra pragas e insetos, graças a uma solução feita com uma substância presente no alho chamada alicina, e não é prejudicial à saúde humana.
“O pesticida tem ação antimicrobiana e antifúngica. Fizemos vários testes para conseguir extrair a alicina, também presente na cebola e até mesmo nos brócolis, pois é uma substância muito volátil (que evapora facilmente)”, explica Joyce, hoje estudante de Neurociência na Universidade Federal do ABC.
Sabedoria popular
A solução encontrada foi bater o alho inteiro com uma proporção calculada de água destilada e álcool. Dessa forma, a alicina, que só é liberada quando o bulbo da erva é cortado ou esmagado – mantém suas propriedades. É ela a responsável pelo odor característico da planta, usada como tempero e também para fins medicinais na sabedoria popular, que já há muito descobriu suas características anti-inflamatórias. Nada na mistura é desperdiçado: o bagaço do alho pode ser usado como adubo.
Durante as análises preparadas para apresentar o projeto como trabalho de conclusão de curso, os alunos constataram, em pesquisa de público, que o pesticida seria usado por 90% dos entrevistados. Também traçaram um plano de negócios, considerando a fabricação em larga escala do produto, cujo litro custaria R$ 15,00.
Foi baseado no uso diário de temperos como a cebola e alho que os estudantes chegaram à descoberta. Perceberam que flores plantadas próximas a esses vegetais resistiam mais às pragas. “Eles são alunos focados. Tiveram a ideia e se fundamentaram nas pesquisas. Foram fazendo tudo que dentro do curso de Química nós oferecemos como ferramenta”, elogia a professora e coorientadora Marta Aparecida Santana.
Mesmo formados e com novas ocupações, os alunos continuam atuando juntos no desenvolvimento do pesticida. O próximo passo do grupo é apresentar o inseticida na Espanha, em março, graças a um convite de um parceiro da mostra paraense. Os técnicos em química precisam arcar com o custo das passagens aéreas e, para isso, lançaram vaquinha on-line na internet.