Etec de Jundiaí faz parcerias e estudantes criam cardápio inusitado

Associação de produtores agrícolas e empresa produtora de geleias devem levar adiante os produtos criados nos laboratórios da Etec Benedito Storani

19 de dezembro de 2016 12:53 pm Institucional

Crédito: Divulgação | Doce foi criado a partir do mostro do vinho produzido na unidade neste semestre

Um cardápio exótico vem sendo preparado na Escola Técnica Estadual (Etec) Benedito Storani, de Jundiaí: molho de macarrão feito com morangos, geleia de vinho, nhoque de batata doce roxa. Elaborados por alunos e professores, esses produtos resultam de parcerias e, em breve, poderão ser conhecidos pelos consumidores da região.

Produtos à base de morango surgiram durante as aulas do curso de especialização técnica de nível médio de Desenvolvimento de Novos Produtos para Área da Indústria Alimentícia. O modelo de parceria já havia sido usado antes com sucesso e se repetiu: os estudantes criam produtos inusitados ou diferentes dos existentes no mercado e os produtores agrícolas fornecem a matéria-prima.

Quem topou fornecer as frutas em troca de boas ideias foi a Associação dos Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia e Jarinu, cidades localizadas no sudeste do Estado de São Paulo.

O molho, na descrição de quem provou, é mais escuro e mais azedinho que o de tomates. É preparado com morangos, conhecidos como de refugo – aqueles que não chamam a atenção de quem procura frutinhas vermelhas e brilhantes. Depois é só acrescentar azeite, manjericão, sal.

Além do molho, os alunos criaram também uma compota de morangos, doce comum na Europa, mas não no Brasil. Aqui, tradicionais são as compotas de pêssegos ou figos.

Informações nutricionais

Elaboradas as receitas, os estudantes desenvolvem o rótulo que contém as informações nutricionais, além do prazo de validade. Tudo isso foi entregue aos produtores no dia 30 de novembro, durante treinamento que reuniu 17 agricultores na Etec. Eles provaram os pratos e aprenderam como preparar o produto.

“A sugestão dos alunos agradou”, conta o presidente da associação, Osvaldo José Maziero. Segundo ele, os estudantes utilizaram uma variedade de morangos chamada camarosa, a mais comum na região. De acordo com Maziero, especialmente para o molho, seria melhor utilizar uma variedade do sul da Itália que começa a chegar no Brasil, chamada pircinque, para que o prato ficasse menos ácido.

A associação planeja lançar os novos produtos na próxima festa do morango, que ocorre anualmente entre junho e julho. “Foi uma experiência boa”, conta Maziero, que ficou contente com a parceria.

Mostro 

A geleia de vinho surgiu de forma diferente. Pela primeira vez, a Etec de Jundiaí colheu os frutos de suas videiras e produziu 100 litros de vinho. No processo de decantação, como é normal, surgiu o mostro, um subproduto que pode ser usado para fazer vinho de qualidade inferior. O professor Eduardo Alvarez, responsável por projetos da unidade, olhou para a borra, equivalente a 3% do volume total de líquido, e imaginou que dali poderia sair algo interessante. De uma parceria com uma colega da Etec, a professora do curso técnico de Alimentos, Verônica Pavan, surgiu a receita da geleia.

Verônica usou o mostro, açúcar, pectina (que dá a consistência à geleia) e ácido cítrico (para melhorar o PH).  Não é algo inédito – já existe no sul do Brasil –, mas não é usual no Estado de São Paulo. Uma empresa que produz compotas na região de Jundiaí deve passar a fabricar a geleia em breve.

Outro produto que surgiu recentemente na unidade foi o nhoque de batata doce roxa. Um restaurante da cidade já vende nhoque de batata doce, mas o produto precisa ser consumido no estabelecimento. Os proprietários pediram aos estudantes uma forma de vender essa massa, bem aceita pelos clientes. Além de mostrarem o caminho para que o produto possa ser vendido congelado ou refrigerado, os alunos criaram a versão “roxa”. A massa ainda será apresentada aos empreendedores.

Alvarez vê essas parcerias como muito positivas para todos os envolvidos. “Os produtores precisam ter a Etec como referência. Para nós, interessa que produtores cresçam”, diz. “E é muito bom para os alunos terem em seu currículo o desenvolvimento de um produto com a possibilidade de comercialização.”​

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