Confraternização e aprendizado acompanharam os estudantes das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) Martin Luther King, no Tatuapé, e Profª Dra. Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara, em Pirituba, ambas da Capital, em sua bagagem, na volta ao Brasil. […]
Alunos das Etecs visitam o Taj Mahal após competição em Lucknow
Confraternização e aprendizado acompanharam os estudantes das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) Martin Luther King, no Tatuapé, e Profª Dra. Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara, em Pirituba, ambas da Capital, em sua bagagem, na volta ao Brasil. As duas equipes passaram cerca de dez dias na Índia, onde participaram do Festival Internacional de Ciências Quanta.
Na escola City Montessori School, na cidade de Lucknow, os 15 alunos conviveram com a diversidade, se desafiaram em provas de alta complexidade em matemática, ciências e robótica, testaram seus conhecimentos em inglês, sua capacidade de articular argumentos em debates e de jogar em equipe. Lá se integraram com times de outros Estados do País e, juntos, na cerimônia de encerramento, colocaram todos os participantes para gingar em uma grande roda de capoeira.
Se as medalhas não chegaram desta vez, ficaram grandes ensinamentos. “Nós brasileiros somos capazes de tudo, inclusive de arrecadar quase R$ 100 mil em um mês para participar de uma Olimpíada”, diz Matheus Miguel, aluno da Etec Martin Luther King, lembrando o empenho dos times ‘etecanos’ para conseguir a verba para participar da competição no outro lado do mundo. “Só coisas positivas. Conhecemos culturas novas, comidas novas, uma escola muito diferente do que há no Brasil. Adoramos a viagem.”
Para Rubia Arruda, da Etec de Pirituba, o exemplo de solidariedade e dedicação dos indianos foi um dos pontos marcantes. Em sua primeira viagem internacional, a jovem afirma ter aprendido várias lições. “Todas essas provas e desafios serviram para vermos que a educação pode nos levar a lugares incríveis e que sem ela não somos nada. Aprender e compartilhar esse conhecimento é algo fantástico e inexplicável”, conta.
Taj Mahal
Além do trabalho duro e da pressão do torneio, os alunos também tiveram tempo para explorar o novo ambiente e as cinco escolas brasileiras – havia outras duas instituições do Ceará e uma de Minas Gerais – visitaram juntas um dos mais famosos pontos turísticos do mundo, o Taj Mahal.
Os estudantes Avner Campanha, Gabriel Ferreira, Lemuel Henner Matheus Miguel, Rodrigo Lustosa, Ruth Moraes, Victor Lima e Vitor Khodi, da Etec Martin Luther King, e Alexandra Garcia, Giovanna Miranda, Isabella Osiro, Mariana Ribeiro, Rubia Arruda, Pedro Carvalho e Stephane Nunes, da Etec Profª. Dra. Doroti Kyomi Kanashiro Toyohara, se credenciaram para participar do Festival Internacional de Ciências Quanta após ganharem medalhas, de ouro e bronze, na Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras.
Depoimento
Diversidade e experiência são palavras que descrevem todo esse processo pelo qual passamos, desde o período das arrecadações de verbas até os dias de competições na Índia.
Quando soubemos que realmente poderíamos competir com pessoas do mundo inteiro e ter a chance de mostrar nosso melhor, além de representar nosso país, a felicidade e o orgulho tomaram conta de nós. Em nenhum momento deixamos os obstáculos nos abater. Ao contrário, as adversidades serviram para nos fortalecer e instigar cada vez mais a vontade de vencer.
A Índia é um país machista e isso tornou-se um problema durante nossa estadia. Afinal, nossa delegação é composta por duas professoras (Maria Inês e Flávia), seis meninas (Alexandra, Giovanna, Isabella, Mariana, Rubia e Stephane) e um menino (Pedro). Porém, a união do grupo revigorou todas as situações que podiam ser consideradas um problema.
Embarcamos no Aeroporto Internacional de Guarulhos no dia 9 de novembro e quando deixamos nossos familiares para seguir a jornada, sentimos que a missão tinha de ser cumprida da melhor maneira possível. Afinal, não tínhamos lutado tanto para nada. No total foram em torno de vinte horas de voo, e como primeira viagem internacional não foi nada fácil enfrentar o sono e outras reações Quando paramos em Dubai para uma escala, tivemos a oportunidade de ir para um hotel fornecido pela própria companhia aérea, para tomar banho e descansar um pouco, antes de seguir o destino, que era Nova Déli.
Após muitas horas de voo, finalmente chegamos à Índia e quando desembarcamos, em Lucknow, fomos recebidos pelos representantes da City
Montessori School (CMS), com tapete vermelho e colares de flores. Os alunos eram voluntários e nos ajudaram a carregar as malas até nossos quartos, situados na própria escola. Uma das lições que aprendemos com os alunos da City Montessori foi que a solidariedade é algo crucial para o sucesso. Eles são todos voluntários e trabalham muito, porém o sorriso nunca deixou de existir no rostinho de cada um.
Na cerimônia de abertura, tivemos a oportunidade de prestigiar o discurso do fundador da escola, o doutor Jagdish Gandhi, e também diversas apresentações culturais. Na CMS, eles fazem questão de ressaltar e apreciar a diversidade de cada nação. Compartilharam conosco um pouco dessa riqueza e deram um verdadeiro show de conhecimento. Em seu discurso, o doutor Jangdish Gandhi sempre se preocupou muito em ressaltar o valor e a importância da educação para cada indivíduo, a fim de promover o desenvolvimento e a qualidade de vida para as pessoas.
O primeiro dia de competição foi bem desafiador. Entretanto, a diversão também estava presente. As primeiras categorias foram Mental Ability (Stephane); Mathematics (Pedro e Mariana); e o tema do debate utópico para discussão era “Telefones celulares deveriam ser legalizados ou proibidos para menores de 18 anos” (Alexandra). Infelizmente não fomos classificados, mas os ensinamentos adquiridos foram insubstituíveis.
No segundo dia, tivemos o Acqua Challenge (Mariana e Giovanna); a Corrida Robótica com obstáculos (Rubia e Pedro); e o Quiz de Ciências (Rubia e Isabella). Dentre essas provas, conseguimos nos classificar no Acqua Challenge e ficamos na sexta posição. As alunas Giovanna e Mariana representaram nossa delegação.
No último dia aconteceu a cerimônia de encerramento e também a final do Quiz de Ciências. As alunas Rubia e Isabella se classificaram e foram representar nossa delegação e país no palco do Quanta. Entretanto, não conseguiram ficar entre as cinco melhores. No período vespertino, houve apresentações culturais em que cada país deveria mostrar um pouco de seus costumes ou até mesmo crenças. Apresentamos a capoeira, que é uma dança e um jogo típicos do nosso país. Para ficar mais contagiante e animador, nos juntamos aos outros três times brasileiros presentes no Quanta. Foi um verdadeiro espetáculo. Delegações de outras nações vieram prestigiar nossa riqueza cultural.
Todas essas provas e desafios serviram para aprendermos que a educação pode nos levar a lugares incríveis, e que sem ela não somos nada. Aprender e compartilhar esse conhecimento é algo fantástico e inexplicável. No Quanta tivemos a chance de conhecer novas culturas e praticar outros idiomas, expandir nossos horizontes e descobrir que para o ensino não existem fronteiras nem limites. Logo, fazemos das palavras de Immanuel Kant, as nossas: “O ser humano não é nada além daquilo que a educação faz dele”.
Rubia Muniz Arruda, aluna da Etec Prof. Dra. Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara.