Felipe Massuia, de 16 anos, é um dos 482 alunos do Ensino Médio da Escola Técnica Estadual (Etec) Albert Einstein. Boa parte de sua rotina é idêntica à de muitos outros colegas: ele gosta de […]
Felipe Massuia, de 16 anos, é um dos 482 alunos do Ensino Médio da Escola Técnica Estadual (Etec) Albert Einstein. Boa parte de sua rotina é idêntica à de muitos outros colegas: ele gosta de games, namora, vai ao cinema, lê, acompanha seriados na televisão. O que causa espanto, porém, é saber que, fora do horário de aula, ele estuda relatividade restritiva, algo tão complexo para pessoas comuns que foi tema de um dos primeiros trabalhos do físico alemão que dá nome à Etec.
Felipe tem uma bolsa de iniciação científica concedida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e duas vezes por semana realiza estudos no Instituto de Física Teórica (IFT), na Barra Funda, na Capital.
O interesse por assuntos ligados à ciência é antigo. Aos 9 anos, ele conheceu a série de filmes de ficção científica Guerra nas Estrelas. Depois, vieram os livros sobre astronomia e o seriado Cosmos, criado na década de 80, a que Felipe assistiu pela internet no início da adolescência.
Buracos negros
Já cursando o Ensino Médio, passou a ir ao IFT e a acompanhar palestras. Para que se tenha uma ideia da complexidade das discussões promovidas pelo instituto, a programação deste semestre tem apresentações sobre buracos negros e metais celulares utilizados para a regeneração óssea.
Felipe soube da possibilidade de receber uma bolsa para estudar e passou quase um mês tentando descobrir como participar, até que, enfim, encontrou um orientador disposto a ajuda-lo.
Uma das recompensas pela insistência foi ter o privilégio de trabalhar com a análise de dados enviados diretamente do Grande Colisor de Hádrons, o maior acelerador de partículas do mundo, localizado entre a França e a Suíça. Nesse equipamento os cientistas fazem com que as partículas sejam aceleradas até atingirem uma velocidade próxima à da luz e conseguem, com isso, estudar questões relativas à origem do universo e à natureza da matéria.
No Grande Colisor de Hádrons foi demonstrada a existência da “partícula de Deus”, que conferiu o Prêmio Nobel de Física de 2013 aos físicos François Englert e Peter Higgs.
Mesmo com um currículo de fazer inveja, o estudante se esforça para ser e parecer uma pessoa comum. “Levo tudo isso com muita tranquilidade”, garante, ao falar dos estudos, dos colegas e das aulas de Física na Etec. ”Tenho dúvidas como todo mundo.”